segunda-feira, 23 de maio de 2011

Danças Folcloricas Regionais

REGIÃO NORTE

Marambiré
Simbolizava a esperança dos negros na construção de uma sociedade justa e livre; surgiu depois da abolição da escravatura. A dança evoluiu dos cantos de outras manifestações populares de caráter religioso na área do Baixo Amazonas, precisamente em Alter-do-Chão, Santarém. O Marambiré dançado em Alter-do-Chão mistura elementos religiosos e profanos. O bailado constitui-se numa simples marcha. A coreografia é dançada em pares com ritmo bem marcado. 
Retumbão
A festividade em devoção a São Benedito, em Bragança, deu origem à Marujada, e com ela a mais conhecida e importante dança folclórica da Marujada, o Retumbão. O Retumbão pode ser considerado a dança favorita dos integrantes da Marujada de Bragança. O ritmo seria uma variação do Lundu. Quanto à coreografia, nada tem de semelhante. O ritmo e a forma como é dançado dão-lhe uma característica própria e um isolamento que não permitiu acréscimos de outros ritmos. Tem origem comum à fundação da irmandade da marujada de Bragança, em 1978. A dança recebeu o nome de Retumbão devido ao entusiasmo dos próprios portugueses que, ao ouvirem de longe o ritmo e a linha melódica, diziam que tudo “retumbava”, elogiando a execução. A orquestra da dança do retumbão é composta de tambores grandes e pequenos pandeiros, cuíca (onça), rabeca, viola, cavaquinho e violino. Não há canto no retumbão.
Samba do cacete
O Samba do Cacete surgiu no município de Cametá. Esta dança foi criada para mostrar toda a sensualidade da região. O nome se origina do instrumento que é usado para dar ritmo e marcação à música: os cacetes, dois pedaços de pau que são batidos no Curimbó, para dar cadência ao ritmo.
Dança do siriá
Originária de Cametá, a dança expressa gratidão dos índios e escravos africanos por um milagre. Depois de um dia exaustivo de trabalho, os escravos eram liberados, sob fiscalização, para conseguir algo para comer. Certo dia, foram à praia e encontraram grandes quantidades de siris que se deixavam apanhar facilmente. Em agradecimento, ensaiaram uma dança e deram o nome de SIRIÁ, que narra o fato.
O siriá é uma variação do batuque africano, mas ao longo dos tempos sofreu algumas pequenas alterações. A coreografia traz como principal característica o ritmo lento, no início, que torna-se frenético em seguida. A dança obedece a uma coreografia que evolui ao ritmo dos versos cantados. No refrão, os pares fazem volteios com o corpo curvado para o lado esquerdo e para o lado direito.
O nome Siriá surgiu por distorção lingüística. A influência racial até hoje, em alguns lugares da Amazônia, é refletida na pronuncia de determinadas palavras. Um exemplo está na terminação de alguns nomes: "cafezal" chamam de "CAFEZÁ", "milharal" chamam de "MILHARÁ". A abundância de siris foi batizada de "SIRIÁ".
O siriá possui um vestuário parecido com o do carimbó. As mulheres usam blusas de renda branca, saias rodadas, pulseiras, colares e enfeites coloridos na cabeça. Os homens vestem calças em tons escuros e camisas coloridas amarradas na frente. Eles também usam chapéus de palha enfeitados com flores, que as damas retiram para demonstrar alegria.
Xote bragantino
È dança de origem húngara e foi trazido para Bragança pela aristocracia da época, ganhando no local novos manejos coreográficos tipicamente regionais. Conquistou peculiaridade e fama pelo jeito bragantino de ser dançado.
Batuque Amazônico
Enraizou-se principalmente no Pará e no Amazonas, onde a palavra "batuque" também serve para designar práticas religiosas afro-brasileiras; trata-se de uma homenagem à "cabocla Jurema", entidade bastante conhecida dos praticantes da Umbanda e demais cultos afro-brasileiros que, segundo os estudiosos, faz parte da mesma "linha" ou “falange” de São Jorge, santo católico que tem o guerreiro Ogum como correspondente, de acordo com o sincretismo religioso. Segundo as lendas, a cabocla Jurema habita cidades existentes no fundo das águas e tem a lua nova como período predileto para realizar seus trabalhos de encantamentos.
A dança folclórica em homenagem à Jurema começa com uma invocação à entidade entoada pelos componentes do grupo folclórico pedindo proteção para toda a Amazônia, região intimamente relacionada à Jurema devido à abundância do elemento água. De acordo com os umbandistas, essa entidade reina no tempo da lua nova.
O Batuque Amazônico é desenvolvido por casais de dançarinos. As moças usam blusa confeccionada em cambraia que acompanha a saia branca rodada com detalhes amarelos. Na cabeça, um turbante característico dos cultos afro-brasileiros é usado. Os dançarinos apresentam-se sem camisa, usando apenas calças brancas e muitos colares feitos com contas. Como a maioria das danças folclóricas da região, não usa sapato no Batuque Amazônico.
Banguê
No Pará, a dança surge logo após a abolição da escravatura no município de Cametá, através da chegada de negros que haviam fugido de engenhos de cana-de-açúcar da ilha do Marajó. A palavra "Banguê" significa "engenho de açucar", em um dialeto africano, por isso a dança também é conhecida como "dança dos engenhos". Durante a dança, homens e mulheres se movem de forma frenética para imitar o movimento ondulatório do melado que desce do tacho superaquecido quando se está fazendo o mel de cana. Em alguns momentos da apresentação, os participantes se movem de forma mais rápida. Segundo levantamento antropológico feito em Cametá, esse momento representaria a alegria dos escravos quando ocorriam as paradas nos intervalos das atividades no engenho. O Banguê é dançado sem sapatos, com roupas coloridas. As saias das mulheres são franzidas e elas trazem muitos enfeites nas cabeças. Já os homens usam calças compridas e camisas igualmente coloridas, em geral combinando com as roupas das parcerias. A musicalidade presente no Banguê também relembra a vida, o sofrimento e a identidade cultural dos negros escravos que trabalhavam em engenhos do Pará. Confira um dos exemplos:

Cantiga de engenho

Meu engenho é banguê
Banguê, banguê, banguê!
Meu engenho roda d?água
é danado pra moer!

Fornalheiro, fornalheiro,
Bote fogo na fornalha,
Que o engenho está fumaçando,
Mas a tacha não trabalha!

Moendeiro, moendeiro,
Bote a roda pra correr,
Tome conta da moenda,
Bote cana pra moer!

Meu engenho é banguê,
Banguê, banguê, banguê,
Meu engenho roda d?água
É danado pra moer!

Seu mestre, segure o ponto,
Olhe o mel que está de vez,
Seu mestre não se descuide,
Não vá queimar outra vez!

O açúcar está pesado,
Ensacado pra vender,
Senhor de engenho na praça.
Com dinheiro já se vê!

Meu engenho é banguê,
Banguê, banguê, banguê,
Meu engenho roda d?água
É danado pra moer!


Carimbó

O nome vem dos índios Tupinambá - CURI (PAU OCO) e M`BÓ (FURADO). Na tradução seria "pau que propaga o som". A influência africana deixou o ritmo do carimbó mais agitado e alegre. A roupa é simples: as mulheres usam saia rodada estampada, blusa de cambraia branca, colares coloridos e uma flor no cabelo. Os homens, calça curta de pescador e camisa estampada. Os dançarinos bailam descalços. Marapanim e Vigia são os municípios mais antigos na execução desta dança.
A coreografia começa com o homem batendo palmas para a mulher. É o convite para a dança. O grupo forma uma roda. As dançarinas fazem movimento circular com a saia. A intenção é atirar a saia sobre a cabeça de seu par. O papel do homem é evitar que ela consiga. A vitória, dela, seria a desmoralização do homem, que seria obrigado a se retirar do local da dança. A parte mais importante em uma roda de carimbó é a marcação coreográfica de um dos pés sempre à frente do corpo.
Um ponto alto da dança é o momento em que um casal vai para o meio da roda, onde fazem a dança do peru, nessa hora o cavalheiro é forçado a apanhar com a boca um lenço que a parceira estende no chão. Se conseguir pegar o lenço, o homem é aplaudido. Caso contrário, a mulher atira-lhe a barra da saia no rosto e o cavalheiro é forçado a abandonar a dança.
O povo paraense tem nesta dança uma das mais extraordinárias manifestações de sua criatividade artística. Foi criado pelos índios Tupinambá. Como acontece com a maioria das danças indígenas, inicialmente, segundo alguns, a "Dança do Carimbó" era apresentada num andamento monótono.
A dança originou-se na ilha do Marajó, no Pará, mas tornou-se tradição em vários municípios paraenses como, por exemplo, Cametá e Marapanim.
Para fazer a marcação do Carimbó são usados dois tambores (curimbós), um grande e um pequeno, ganzá, banjo, pandeiro, dois maracás, e uma flauta. A dança começa com os pares dispostos em fileiras de mulheres e homens de frente uns para os outros. Com palmas, os homens convidam as mulheres a formar a roda. Os casais de dançarinos fazem então um grande círculo com sua dança, onde as mulheres rodam segurando as saias rodadas e jogando-as em direção ao homem, que tende a se esquivar da saia da parceira.
Ao final da apresentação, tem uma parte que é chamada de “dança do peru”, onde homens e mulheres ficam agachados em volta do centro batendo palmas. Uma mulher sai dançando até o meio e deixa um lenço no chão em forma de pirâmide para que seu parceiro apanhe o pano apenas com a boca, sem usar nenhuma das mãos e sem cair. Se tiver equilíbrio, força e elasticidade nos músculos das pernas para conseguir pegar o lenço, o dançarino é aplaudido com entusiasmo pelos bailarinos e pelo público. Mas se cai ou se desiste, é alegremente vaiado por todos na grande brincadeira.
A vestimenta das mulheres inclui conjuntos de saias longas (rodadas e muito coloridas) e blusas que exibem os ombros e o pescoço, confeccionadas com rendados, em geral de uma só cor. Costuma-se pregar enfeites como pequenas peneiras e pedaços de patchouli. Os cabelos são enfeitados com uma rosa no dos lados. Pode- se abusar de acessórios como pulseiras e colares coloridos que dão muitas voltas no pescoço e vão até a altura do umbigo. Os homens usam um lenço vermelho no pescoço, calças de uma só cor e camisas de mangas compridas tão coloridas quanto as saias das parceiras. As camisas são amarradas na cintura. Homens e mulheres dançam descalços.
Ciranda do Norte     
Quem é que, na infância, nunca brincou de ciranda? Principalmente as crianças criadas em municípios do interior de qualquer estado brasileiro, em especial na Amazônia. A manifestação infantil também tem sua versão adulta, na Ciranda do Norte. De origem portuguesa, a dança é uma manifestação mais presente na região entre o Pará e o Amazonas, em especial na cidade amazonense de Tefé.
O ritmo é relativamente lento, ao contrário das demais danças folclóricas da região amazônica. Devido a esse fator, pessoas idosas e crianças também podem participar. No entanto, em alguns grupos, percebe-se uma mistura de passos de outras danças como o xote e até mesmo a valsa.
Outra diferença com a maior parte das danças da região é que os movimentos são desenvolvidos formando-se uma grande roda. Já a musicalidade guarda características bem comuns na região: utiliza-se instrumentos de pau, de corda e de sopro - Curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas. O "carão", imagem de pássaro que vai à frente do grupo, chama a atenção do público e remete ao personagem da letra da cantoria.
A Ciranda do Norte é dançada no mês de junho, quando os grupos percorrem as ruas em que essa manifestação costuma acontecer. O ponto alto da Ciranda do Norte é no último dia da quadra junina, quando se promove "a morte do pássaro", com direito a clima de funeral e tudo o mais.
Entre os temas cantados durante as cirandas estão o trabalho de homens e mulheres do campo, em atividades como a caça, a pesca, entre outras. As roupas usadas pelos dançantes são características de moda de época: as mulheres vão de blusa com babados e mangas soltas, saias rodadas, estampadas. As saias terminam abaixo dos joelhos, com anáguas de renda. Já os homens usam camisas "sociais" com estampas combinando com a saia da respectiva dama e calça preta, branca ou azul. Ambos dançam de Chapéu de palha de abas curtas e sapatilhas artesanais ou descalços. Quem representa o caçador veste camisa lisa social, calça preta. Usa ainda chapéu de palha, bota e espingarda. Já o carão vai com a roupa do pássaro, com plumagens coloridas e outros enfeites.
Maçarico
As vestimentas da dança do Maçarico são muito elaboradas e cheias de enfeites. Os instrumentos musicais são os mesmos utilizados no carimbó: dois curimbós (tambores), sendo um grande e um pequeno, ganzá, banjo, pandeiro, dois maracás, e uma flauta.
Segundo estudiosos da cultura popular, o Maçarico teria se originado no município de Cametá (PA), que está localizado no nordeste paraense, há 150 quilômetros da capital, Belém/PA (em linha reta).
O nome da dança faz menção a uma ave de pequeno porte. O corpo é desproporcional em relação às pernas que são muito compridas e finas. O pequeno Maçarico se locomove em passos rápidos. É um pássaro muito arisco e também muito comum em praias e rios de vários pontos da Amazônia, em especial nos estados do Pará e Amazonas.
A dança tem esse nome exatamente por lembrar o movimento acelerado do pássaro. A musicalidade é marcada por versos cantados pelos próprios participantes que indicam os passos a serem desenvolvidos. As mulheres são sempre a referência para o desenrolar da dança. Segundo informações do Grupo Parafolclórico Frutos do Pará, de Belém, “somente na parte relacionada ao coro é que os movimentos se repetem de acordo com o assunto tratado no determinado momento. As palavras em si não indicam propriamente os movimentos e sim, a marcação cênica, muito fácil de ser executada”. Os pares de dançarinos desenvolvem a dança em velocidade acelerada, tanto quanto os passos do pequeno maçarico a percorrer as margens dos rios amazônicos.
Chula Marajoara
É uma dança cultural no ritual afro-brasileira. Seria uma variante das congadas cultivadas no sul do Brasil. Tem uma característica devocional em louvor a São Benedito e Nossa Sr.ª. do Rosário. No Pará, é cultivada principalmente nas regiões onde se instalaram os negros escravos, com mais freqüência em Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó, por isso também conhecida com a denominação de Chula Marajoara. É apresentada durante  o ano todo, principalmente nas épocas de festejos, como na quadra junina e comemoração a São Benedito e Nossa Sr.ª do Rosário. Dança exclusivamente feminina, com movimentos coreográficos de acordo com os versos cantados. Assim como na Dança da Angola é dançada em pares e número ilimitado de participantes.
É uma dança cultural no ritual afro-brasileira. Seria uma variante das congadas cultivadas no sul do Brasil. Tem uma característica devocional. Em louvor s São Benedito e N.S.ª. Sr.ª. Do Rosário. É o chamado “cacumbi” ou “ticumbi” do folclore catarinense.
No Pará, é cultivada principalmente nas regiões onde se instalaram os negros escravos, com mais freqüência em Cachoeira do Arari na Ilha do Marajó, por isso também conhecida com a denominação de Chula Marajoara.
É apresentada durante  o ano todo, principalmente nas épocas de festejos, como na quadra junina e comemoração a São Benedito e N.S.ª. Sr.ª. Do Rosário. Dança exclusivamente feminina, com movimentos coreograficos de acordo com os versos cantados. Assim como na Dança da Angola. É dançada em pares e número ilimitado de participantes.
Para o acompanhamento musical, são utilizados instrumentos de pau, de corda e de sopro como: Curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas.
INDUMENTÁRIA : Apresentam-se vestidas com blusas brancas e saias rodadas estampadas, com colares e pulseiras de contas e sementes e arranjos de flores na cabeça e igualmente descalças.
LUNDÚ
Lundu Marajoara
De origem africana, foi registrada inicialmente na ilha do Marajó. É a mais sensual dança folclórica paraense. O tema está centrado no convite do homem à mulher para um encontro sexual. A dança desenvolve-se, a princípio, com a recusa da mulher, mas diante da insistência do companheiro ela termina por ceder. O "ato sexual" acontece quando o casais realiza a UMBIGADA - movimentos sensuais de requebro. A movimentação coreográfica é tão plena de sensualidade que, na época do Brasil Império, a Corte e o Vaticano proibiram que fosse dançada. Com o tempo, o decreto caiu no esquecimento e o Lundu voltou a ser praticado, mantendo sua principal característica: a sensualidade. A dança é acompanhada por instrumentos como rabeca, clarinete, reco-reco, ganzá, maracá, banjo e cavaquinho. As mulheres normalmente se vestem com saias longas e coloridas, blusas curtas com rendado branco. Já os homens vestem-se com calças largas, geralmente brancas, com as bainhas enroladas.
O Lundu, é uma dança de origem africana e provoca muito interesse pela desenvoltura de seus movimentos. O tema é o convite feito pelo homem à mulher para um encontro sexual. A dança desenvolve-se, a princípio, com a recusa da mulher mas, ante a insistência do seu companheiro, ela acaba por ceder. A movimentação é tão carregada de sensualismo e lubricidade que a Corte e o próprio Vaticano, no século retrasado, chegaram a proibir a dança em território pátrio. Depois, tudo foi caindo no esquecimento, e o lundu voltou a ser praticado às escondidas, respeitando as tradições, os gestos, os volteios e maneios, em três estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e no Pará, mais precisamente na Ilha do Marajó. No solo marajoara, em Soure, é interessante registrar o trabalho do grupo de dança existente na Fazenda "Tapera", de propriedade de D. Dita Acatauassu Nunes: a dança é apresentada sempre para turistas, para os simples curiosos e para os estudiosos das danças folclóricas. O Lundú é, veramente, uma dança belíssima e, sem sombra de dúvidas, umas das mais interessantes do nosso folclore. A Coreografia, no seu todo, é constituída de movimentos lúbricos e, em determinados momentos, os homens nos seus volteios, imitam os machos rodeando uma fêmea no cio. As mulheres recuam e ignoram os seus pretendentes mas, devido a grande insistência do mesmo terminam por aceitar o convite. Neste momento da dança ambos se deixam levar pela vontade de realizarem o ato sexual quando então os casais realizam a UMBIGADA, movimento este representando o aceite da mesma e saem, entre requebros sensuais, seguidas por seus companheiros.
Marambiré
Dança africana que surgiu após a libertação dos escravos. Segundo pesquisas, ela teria evoluído dos cantos de cangadas e insulados na área do Baixo Amazonas que se pontificou em Alter-do-Chão, distrito de Santarém. O Marambiré dançado em Alter-do-Chão não representa uma dança tipicamente religiosa e sim uma mistura de elementos religiosos e profanos. A dança do Marambiré constitui-se numa simples marcha. A coreografia é meio complicada, o ritmo é alegre e excitante. Dança de pares com ritmo bem marcado, apresentada na festividade do Sairé.
Obaluaiê
O Obaluaiê, como o Batuque Amazônico, é de origem africana, manifestação que se ramificou do candomblé africano. Foi implantado na região Norte na era colonial da mesma forma como o foi nas demais províncias e regiões brasileiras. No Pará e em outros estados é a denominação comum para se homenagear um determinado orixá com cultos afro-brasileiros. O Obaluaiê é uma homenagem prestada a um orixá, "Obaluaiê", o qual, segundo as lendas, é uma divindade das doenças e chagas e simboliza a morte. De acordo com os iorubanos, esse orixá tem seu corpo todo cheio de chagas. O Obaluaiê  se inicia com uma invocação ao orixá que pertence à linha de São Lázaro ou São Roque, com a repetição feita pelo coro, seguindo-se outros temas que invocam a proteção para o grande orixá, e no final todos os 6 orixás que estão em cena fazem reverencias ao orixá homenageado que é o Obaluaiê.
Desfeiteira 
A Desfeiteira é uma dança que tem origem na vila de Alter-do-Chão, paraíso ecológico localizado a cerca de 30 quilômetros do município de Santarém (PA), na Região do Baixo Amazonas. Pela proximidade com o Estado do Amazonas, lá também a Desfeiteira acabou se integrando à cultura popular local. Mas é na festa do Çairé, em Santarém (no mês de setembro), que se pode ver com mais freqüência essa manifestação folclórica, ainda nos dias atuais.
A dança recebe o acompanhamento musical com instrumentos percussivos de pau e corda, além do sopro. São usados curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas.
Os casais de dançarinos se posicionam em duas colunas de pares. Em geral, as mulheres se posicionam à direita dos homens. A dança começa com os homens com o braço esquerdo voltado para as costas. A mão direita dos homens segura a mão esquerda das damas, que usam as saias para acompanhar os movimentos do companheiro.
Basicamente, os movimentos são compostos de dois passos à direita e levanta o pé esquerdo, e dois passos para a esquerda, levantando o pé direito. A seqüência é repetida por duas vezes. Depois, os pares se enlaçam e, em passos com pequenos pulos, vão formando um grande círculo que gira em sentido anti-horário.
Na terceira vez em que a música se repete, os pares se soltam. Os homens passam a dançar com o braço esquerdo para cima. Já a dama, mesmo segurando a saia muito rodada, fica com o braço livre, girando uma vez para cada lado. A dança vai prosseguindo até que, de súbito, a música pára e o casal que estiver mais próximo do conjunto musical tem que cantar uma quadra sem acompanhamento, enquanto os outros casais permanecem calados no mesmo lugar, apenas marcando o passo.
O nome “Desfeiteira” vem das origens dessa manifestação folclórica. Conta-se que os escravos africanos e os índios Boraris, que habitavam aquela região do Pará, reuniam-se no barracão ao final do dia para momentos de descontração. Nesses momentos, dançavam e cantavam músicas compostas de improviso onde, em geral, faziam críticas bem humoradas a seus senhores, para “desfeiteá-los”. Por isso que até hoje quando a música pára, o casal mais próximo tem que recitar as quadras engraçadas, como se estivesse sendo “desfeiteado”.
Pretinha d’angola
Como o próprio nome sugere, a Pretinha D’Angola é uma dança de origem africana, sendo trazida pelos escravos nascidos em Angola, que se instalaram nas margens do Rio Tapajós, principalmente em Santarém (PA). Até o inicio do século, essa manifestação foi extremamente praticada. As escravas africanas e suas descendentes reuniam-se na praça matriz de Santarém, em frente à igreja, para mostrar sua animação. No entanto, depois da abolição da escravatura, esse hábito de dançar, em praça pública, a frenética coreografia que vinha de Angola foi deixando de ser tão freqüente.
A Pretinha D’Angola é dançada formando um círculo, em pares. Apenas mulheres participam dessa manifestação folclórica. Os movimentos seguem a orientação dos versos que vão sendo cantados pelos músicos durante a coreografia. Entre os temas cantados estão os trabalhos realizados pelos negros na senzala. Mas um dos temas mais ressaltados são as mágoas daquele período da história do Brasil, com humilhações e açoites aos negros que só eram esquecidos, momentaneamente, durante as festas populares que eles promoviam quando estavam reunidos longe dos olhos de seus senhores, nos raros momentos de descanso.
Durante a execução da Pretinha D’Angola, as dançarinas se organizam em pares e vão trocando de lugar, posicionando-se de frente uma para a outra, dando voltas para ambos os lados, sempre agitando suas saias rodadas. É usado um conjunto de saia e blusa brancos, com muitos adornos nos braços e pernas: pulseiras com contas coloridas e tornozeleiras. As cabeças são adornadas com arranjos de flores bem coloridos e chamativos. O acompanhamento musical é feito com instrumentos de pau, de corda e de sopro como: Curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas.
Xote Bragantino
Olhada em suas características atuais o Xote Bragantino, manifestação folclórica freqüente na região Nordeste do Pará, trás pouco de sua raiz européia. Por incrível que pareça ao caboclo amazônico, a dança foi originada do Schotinch, uma das mais famosas danças do folclore da Escócia, muito praticada em toda a Europa, em meados do século XIX.
Foram os colonizadores europeus, em especial os portugueses, portanto, que trouxeram a dança que originou o Xote Bragantino para o Brasil. A dança era praticada por membros das famílias dos senhores dos engenhos, mas sem a participação dos negros escravos, pelo menos de início. Até que em 1798 os escravos fundaram, no município de Bragança, a Irmandade de São Benedito, com a famosa Marujada. Nesse momento, o Xote recebe uma releitura dos escravos, que a introduzem na cultura do povo Bragantino. Até hoje, o Xote é muito freqüente em Bragança e cercanias durante as apresentações públicas da Marujada, festa que acontece anualmente no mês de dezembro.
Pouca coisa sobrou dos passos originais trazidos pelos europeus. O ritmo é bem marcado pelos passos que se resumem em voltas para um lado e outro do corpo dos dançarinos. O Xote, como a maioria das danças da região, é dançado em pares. O acompanhamento musical é constituído basicamente pelos mesmos instrumentos das demais danças folclóricas paraenses, sendo que tem o acréscimo da rabeca, instrumento semelhante ao violino.
As mulheres usam vestido franzido na cintura com saias muito rodadas, que podem ser até os joelhos ou até os tornozelos. Um laço serve de adorno para as costas das damas. À cabeça vão flores, fitas e outros enfeites, tudo muito colorido. Já os homens, usam calças compridas e camisas de mangas compridas de tecidos estampado. Às vezes se usa chapéus de palha.
O município de Bragança fica a 210 quilômetros de Belém e é conhecido também como "a pérola do Caeté", rio que banha suas margens. É uma das cidades mais antigas do Pará com cerca de 380 anos de fundação.
Dança da Lenda do Açaí 
Há muito, quando Belém ainda não existia, os Índios eram os moradores do local, e nessa época a fome e a falta de comida assolava-os. O cacique da tribo decidiu então que qualquer criança que nascesse seria morta, pois não haveria alimento suficiente para elas.  Por azar do destino, sua filha IAÇÁ engravidou e deu à luz uma bela menina, que infelizmente não escapou da sentença de morte de seu avô. Sua filha então chorou durante vários dias e noites lamentando a perda de sua filha, quando numa noite enluarada ela avistou uma palmeira esguia, onde podia se ver frutos escuros, e no pé desta palmeira sua filha a esperava de braços abertos. Ela correu para lhe abraçar, e o fez com tanta vontade e felicidade que acabou morrendo abraçada aos pés da palmeira. No outro dia seu pai a encontrou morta e percebeu em seu rosto um olhar de felicidade que mirava para o alto em direção as frutas. O cacique mandou apanhar esta fruta e verificou que se podia extrair um suco viscoso que foi usado para saciar a fome de toda a tribo. Deste dia em diante, a sentença de morte foi extinta e em agradecimento a TUPÃ e homenagem à sua Filha IAÇÁ, deu o nome de AÇAÍ àquela fruta. Esta Dança foi criada em homenagem a fruta típica de nossa região. Sua coreografia é de pares soltos em circulo que fazem marcações com os objetos que levam nas mãos, ocorrem giros, pulos e manejos.
Marambiré. 
Dança africana que surgiu após a libertação dos escravos segundo pesquisas ela teria evoluído dos cantos de cangadas e insulados na área do Baixo Amazonas que se pontificou em Alter-do-Chão distrito de Santarém.  O Marambiré dançado em Alter-do-Chão não representa uma dança tipicamente religiosa e sim uma mistura de elementos religiosos e profanos. A dança do Marambiré constitui-se numa simples marcha. A coreografia é meio complicada, o ritmo é alegre e excitante. Dança de pares com ritmo bem marcado, apresentada na festividade do Sairé(ou Çairé). Pela tradição dos tocadores do Marambiré não executam a dança apenas, acompanham o movimento dos brincantes com música de marcação bem definida. Originalmente sua música surgiu apenas instrumentada, sem letra. A música era tocada em compasso 2/4 e parece revelar uma influência Afro – Indígena. Sua letra foi escrita posteriormente, por volta de 1973 quando da reativação da festividade do “Sairé”, por um clube de mães com ajuda de um musico, letra essa que versa sobre as belezas locais. Para o acompanhamento musical, são utilizados instrumentos de pau, de corda e de sopro como: Curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas. A mulher usa vestido estampado, justo na cintura e altura dos joelhos, com blusa de gola quadrada na frente e atrás, manga de três folhos bufantes e soltas com enfeites de renda na ponta dos folhos, saias também com três folhos e renda na ponta, arranjo de flores na cabeça e sapato social preto. O homem veste calça comprida preta ou branca, camisa da mesma estampa do vestido da dama, gola e mangas compridas com três folhos na ponta da manga, sapato social preto.
FESTA DO BOI - Festival Folclórico de Parintins
O Boi-bumbá, tradição celebrada, inicialmente, como uma festa no meio da rua, atualmente, reune uma multidão de 40.000 pessoas, num bumbódromo, que assistem à disputa entre os dois bois, representados pelos grupos Vermelho, ou Garantido, e Azul, ou Caprichoso. Na década de 60 o boi-bumbá foi para as quadras criando então o Festival Folclórico.Em 1985, montou-se um bumbódromo de madeira, com arquibancadas, camarotes e uma arena acimentada para a apresentação dos grupos. Em 1988, foi inaugurada a versão em alvenaria, definitiva. A festa, realizada todos os anos nos dias 28, 29 e 30 de junho, começou quando, em 1912, a comunidade passou a levar o boizinho de pano de Lindolfo Monteverde, chamado de Garantido, para brincar no quintal de moradores ilustres.
Jacundá
É uma dança regional, de criação do nosso indígena, muito popular no Estado do Pará.  Adotou o nome do peixe "jacundá", abundante na região setentrional, cuja pescaria representa a dança. É uma dança que encontra várias modalidades em diversas regiões do nosso interior, como por exemplo, "piranha", no Amazonas, e outras variantes. Coreografia: Os participantes colocam-se em roda, homens e mulheres, alternadamente, de mãos dadas, representando o cerco. Ao centro um homem e uma mulher dançando representam o jacundá e, procuram fugir do circulo enquanto cantam uma canção singela, alusiva ao motivo.  Insistem em romper o cerco formado pelos componentes do divertimento. Aqueles que permitem a saída do jacundá, terão de substitui-lo na roda, em meio da zombaria geral dos componentes. Origem: Indígena
Marabaixo
Ao Amapá cabe a primazia da dança do Marabaixo. É a diversão predileta das classes trabalhadoras da rica região. É dançado geralmente a partir do sábado de Aleluia até o domingo do Divino. Homens, mulheres e até crianças tomam parte nos folguedos. No último domingo, o festeiro faz erguer, como marco simbólico, um mastro adornado. Durante os festejos, há farta distribuição de bebidas, principalmente mucura (composta de cachaça com ovo batido, talhadas de limão e açúcar).
Indumentária: os homens usam camisas com bordados, calças brancas, chapéus de palha enfeitados de flores e fitas. As mulheres vestem camisolas de renda, saias de chita estampada, anáguas. Instrumentos musicais: duas caixas. As mulheres cantam como solistas acompanhadas do coro geral. Coreografia: a coreografia do Marabaixo é arbitrária dada a improvisação dos figurantes. Os dançarinos ora formam filas, abraçados uns aos outros, ora separados, se organizam em filas três a três, ora ficam lado a lado, enfim permanecem isolados frente a frente, e dançam ao som da música, em compasso binário. Os passos variam com os toques das caixas que os tocadores, a um canto, fazem soar. Trata-se de um quadro de muita alegria, vivido sob um céu cristalino. As cores vivas das vestimentas, as fitas, as flores - tudo contribui para emprestar exuberante vivacidade a esta bonita dança. O Marabaixo é dançado durante vários dias e noites seguidos, sem interrupção. Entrementes, homens, rapazes e crianças exibem em lutas corporais, saltos elásticos, capoeira e outros jogos de competição.
Marujada
A marujada é uma dança de origem amazonense. Faz parte do ciclo das festas jesuínas. É um dos entremeios mais apreciados durante essa época festiva no Norte e no Nordeste do País. É dançada por homens e mulheres, coletivamente. Tomam parte na marujada: o capitão do navio, o piloto, o mar-e-guerra e o embaixador. Indumentária: Mulheres - blusa com aplicação de rendas brancas, saia apertada nos quadris e em baixo largas, com babados, estampado em cores vivas, florões; usam várias anáguas, cabelos soltos, muitas jóias de ouro antigo, flores de jasmim na orelha esquerda e uma rosa grande na direita.
Homens - calça branca e jaqueta. Usam chapéus de palha com copa alta, tanto mais alta quanto for a dignidade de sua posição. Todo coberto de penas coloridas e flores, entremeados de espelhos e contas, com aba curta, e na parte da nuca caem fitas de cores bem vivas.
Coreografia: a assistência forma em circulo. No centro dançam um ou mais pares. O passo é curto e rápido. Os pares dançam separados, enquanto a dama procura passar a saia por cima da cabeça do parceiro. Provoca-o com negaças. E faz uma batida rápida que lembra a espanhola. Se a dama consegue passar a saia por cima da cabeça do cavalheiro, este é substituído por outro. Se não o consegue, ela é que é substituída por outra mais dançarina. Tem dois movimentos a marujada: um, rápido, de três passos para a frente (como o samba), ligado a outro de dois passos, caindo lento para o lado como se fosse em conseqüência do jogo de um navio em alto mar.
Tirana
Canto e dança originários de Espanha e que recebemos por intermédio de Portugal, onde a tirana ainda é baile de rapazes e raparigas, bem animado e cheio de movimento. No Rio Grande do Sul a tirana era popularíssima, João Cezimbra Jacques, Assuntos do Rio Grande do Sul, 18, Porto Alegre, 1912, julgava-a vinda entre 1822 e 1835. (ver Região Sul: Danças) José Veríssimo assistiu a cantar e dançar a Tirana numa maloca dos maués, rio Uariaú, afluente do Andirá, no Amazonas, em setembro de 1882: "Ao som da mesma música e com os seguintes versos, cantados numa toada mole, dançam a Tirana, que não passa de uma espécie de polca com passos meneiados como os do lundu. Eis os versos:
"Eu vi, eu vi, tirana,
Ninguém me contou, tirana,
Meu amor, ingrata, tirana,
Não sei como não morri, tirana".
Bisados os dois últimos versos, voltam a repetir a quadra toda, o que podem fazer cem vezes sem dar amostras de enfado: "Estudos Brasileiros", 69, Pará, 1889.
Sílvio Júlio estudou a origem e modificações da tirana (Revista das Academias de Letras, n.º 39, 40-49, Rio de Janeiro, 1942; "Duas Velhas Danças Gaúchas". Anuário do Museu Imperial, IX, 45-46, Petrópolis, 1948), mostrando que o roteiro da tirana para o Rio Grande do Sul fora por Buenos Aires e que a origem do nome se devia à atriz Maria Rosario Fernandez, La Tirana, sevilhana estabelecida em Madrid desde 1773.

 




NORDESTE




Festas Juninas
Introduzidas pelos portugueses, onde o culto a São João é um dos mais antigos e populares, as festas juninas (de junho) ou joaninas (de João) iniciam-se no dia 12 do mês, com os festejos da véspera de Santo Antonio, e terminam no dia 29 (São Pedro); têm seu auge na noite de 23 para 24, o dia de São João propriamente dito. Embora seu caratér folclorico desapareça pouco a pouco, principalmente nas grandes cidades, ainda são cultivadas Brasil afora. No Nordeste têm muita afluência popular as festas em Campina Grande, João Pessoa e Santa Luzia do Sabugi (PB), em cidades pernambucanas e em São Luís do Maranhão. Em Fortaleza (CE) realiza-se um festival de quadrilhas.
O maior São João do mundo. É assim que Campina Grande, na Paraíba, promove sua principal festa, disputando esse privilégio com Caruaru (PE) e com Estância (SE). A cidade se enfeita de bandeirolas, o lume das fogueiras aquece as noites frias da serra de Borborema e suas ruas acolhem mais de 400 mil pessoas de todo o país, numa festa que emenda o dia com a noite.
O "arrastão do forrozeiro" sai pelo sobe-e-desce das ruas do centro, empurrando todo o mundo no ritmo do forró trieletrizado. Há burreadas (desfiles de burros), corridas de jegues, comboios de carroças ornamentadas e o alarido de torcedores que incentivam aqueles que tentam alcançar a prenda lá em cima, no pau-de-sebo. Multiplicam-se as barraquinhas de comidas típicas e as  quadrilhas. O ciclo junino corresponde às festas de Santo Antonio, São João e São Pedro. Santo Antonio é o santo casamenteiro por excelência e o seu prestígio está junto às moças solteiras. São João Batista é o mais importante deste período, no interior brasileiro, comemorado com fogueiras, balões, fogos de artifícios, "casamento caipira" e "quadrilha da roça", acompanhado de comidas e bebidas típicas. São Pedro, o "Porteiro do Céu" é mais festejado pelas viúvas e pelos pescadores, principalmente nas zonas marítimas, como o Rio de janeiro.
Quadrilhas
No Brasil, surgiu na primeira metade do séc. XIX, trazida por músicos franceses, como Milliet e Cavalier, que tocavam obras de Musard, o "pai das quadrilhas", nos salões da corte e da aristocracia. Progressivamente foi integrando o repertório de compositores brasileiros, popularizando-se. Surgiram, então, variantes no interior do país, como a quadrilha caipira (SP) e a saruê (Brasil Central).
Afoxê
Bloco negro característico do Carnaval da Bahia.
Os afoxés se diferenciam dos outros blocos carnavalescos por serem realizados também com um sentido religioso. As letras misturam português e línguas africanas, principalmente nagô e ioruba, e antes da saída do cortejo é feito o padê de Exu, um ritual para evitar que esse orixá perturbe o desfile.
À frente do afoxé vai uma boneca preta chamada Babalotim, conduzida por um menino de oito a dez anos. Antigamente havia reis e rainhas, como no maracatu, e quando dois afoxés se encontravam nas ruas lançavam um sobre o outro o efu, pó de chifre de carneiro com propriedades mágicas. Hoje a ênfase é dada aos ritmos, com aproximações e fusões com ritmos do Caribe, principalmente da Jamaica. Os afoxés mais famosos são Ara Ketu, Badauê, Filhos de Gândi, Ilê Aiê. Muzenza e Olodum. Instrumentos musicais: tambores

Bangulê
A dança bangulê é tipicamente dos negros. É dançada ao som de puíta, acompanhada de palmas e sapateados. As cantigas que servem de motivos à dança são fartas em obscenidades. Talvez por este motivo não haja encontrado grande números de adeptos. Contudo merece registro dentre o número de danças mais interessantes do folclore brasileiro. Instrumento musical: puíta
Baião (Baiano)
O Baião é uma dança cantada. Criação nordestina, resultante da fusão da dança africana com as danças dos nossos indígenas e a dos portugueses colonizadores, refletindo na sua composição o caldeamento destas três raças. O Baião, anteriormente conhecido como Baiano, por influência do verbo “baiar”, forma popular de bailar, baiar, baio (baile), na opinião do mestre Joaquim Ribeiro, sempre foi apreciado e praticado no Nordeste; depois foi-se difundindo por outras plagas e por fim atravessou com sucesso as fronteiras do País. A natureza do Baião não sofreu nenhuma transformação em sua peregrinação para outras regiões. Apenas foi alterado em sua forma na migração para o Sul do País, visto que: após a execução do Baião, o dançarino convida outra pessoa para o substituir com uma umbigada, enquanto no Sul o convite ao substituto é assinalado com um estalar de dedos, à guisa de castanholas, em direção ao escolhido. O Baião é formado dos seguintes passos: balanceios; passos de calcanhar; passo de ajoelhar; rodopio. O Baião é dançado em pares. Indumentária: Damas - vestido de chita ordinária com babados na saia, amplo decote e mangas curtas; sandálias coloridas. Cavalheiros – calça de brim claro; camisa comum; sandálias de couro cru. Instrumentos musicais: agogô, triangulo e sanfona. Coreografia: os dançarinos e dançarinas formam-se em círculos, sentados ou em pé. Dançam aos pares no centro da roda. A dança consiste em movimento do ventre e sapateado, e a umbigada constitui a principal marcação do folguedo. A coreografia do Baião é individual e composta de dança cantada. A dança é executada com balanceios lascivos, rodopios, estalar de dedos e movimentos dos braços. O ventre e os pés desempenham relevante papel na coreografia do Baião. O remelexo é executado com movimento do ventre, com sapateado típico, enquanto os braços se conservam abertos. Outra posição consiste em ficar o dançarino com o calcanhar para frente e a ponta dos pés para cima. Passos mais conhecidos: Balanceio: passo à frente com perna esquerda, flexionando-a ligeiramente sem apoiar o pé; o mesmo procedimento com a perna direita, mudando o peso do corpo para a perna que fica atrás.
Em cada mudança faz um balanceio, ficando as pernas semi-flexionadas e o tronco acompanhando o movimento. Reinicia-se o passo levando a perna de trás para frente. O cavalheiro executa esse passo segurando com a mão direita o punho esquerdo atrás do corpo, à altura da cintura. A dama coloca o braço esquerdo na perna e avança. A palma da mão para baixo. A outra mão apóia-se nos quadris. Olhar sempre à frente.
Passo de calcanhar: o calcanhar esquerdo apoiado obliquamente à frente; perna estendida; inclinando o tronco e a cabeça para a esquerda. Em seguida unir o pé direito ao esquerdo, levantando o tronco e a cabeça. Depois apoiar o calcanhar direito obliquamente à frente, unir o pé direito como foi dito, então, cruzar as pernas, a esquerda atrás da direita levemente flexionada, apoiando o pé pela ponta, inclinado o tronco e a cabeça para a direita. Um passo oblíquo à frente, com o pé esquerdo, unindo a perna direita à esquerda e voltando a posição normal.
Passo de ajoelhar: saltitando, caindo sobre a perna esquerda, flexionando e apoiando o pé lateralmente. Aproximam-se os punhos como a comprimi-los quando unem-se os pés, e colocando-os obliquamente para a frente, enquanto a perna direita fica estendida obliquamente para trás. Os braços ficam sempre levantados para frente. A seguir, sempre saltitando, coloca-se a perna direita em diagonal à frente e a esquerda para trás, volvendo a perna direita junto com a cabeça para o lado esquerdo. Ao mesmo tempo ajoelha-se.
Rodopio: cruzando a perna direita na frente da esquerda, flexionando ao mesmo tempo que movimenta a cabeça e tronco, cruzando os braços pendidos na frente do corpo. Iniciar com um giro pela direita, elevando-se gradativamente o tronco, a cabeça e os braços, que abrem em forma de arco oblíquo para cima, enquanto as pernas se estendem. O giro é feito sobre o pé direito que se desloca, movimentando-se no lugar sobre a ponta, enquanto o esquerdo na fase final se coloca em afastamento lateral. Rodopio. Em seguida levar a perna direita para junto da esquerda, apoiando-se à ponta do pé e fazendo com ambas uma semi-flexão seguida de extensão. Balanceio com movimento dos quadris. Trejeito com pequeno afastamento para a frente apoiando o dorso das mãos nos quadris, cotovelos ligeiramente para frente balançando-se sobre as pernas e fazendo rotações com o corpo ora para a direita, ora para a esquerda. Depois, um pequeno afastamento para frente, flexionando lentamente as pernas com o cotovelo esquerdo na mão direita. Origem: Mista
Balaio
É do Nordeste e também dança de grande popularidade entre os gaúchos. Faz parte das danças do fandango. O balaio tem semelhança com a chula baia ou o lundu pernambucano.
Indumentária: as mulheres usam vestidos de chita coloridos, meio curtos e com babados; cabelos em tranças e muitas jóias. Os homens usam cinturão de couro, ornado de metal; faca na cintura; calças bombachas enfeitadas com botões; botas com esporas; camisas com mangas compridas e lenço no pescoço.
Coreografia: a composição coreográfica é de dois círculos, sendo o círculo de dentro formado pelas mulheres e o de fora pelos homens. Assim o bailado principia e se encerra. Os passos são sapateados e as esporas tomam parte marcando o ritmo. Variam os passos ao gosto do dançarino. Por exemplo: espora, arrastando a planta do pé no chão; em seguida estende a perna elevando o pé e depois colocando-o bruscamente no chão, fazendo tilintar as esporas.
Bambelô
Bambelô é uma dança de roda, semelhante ao samba ou ao batuque cantado ou “Côco de roda”. É mais dançado no Nordeste, especialmente nas praias do Rio Grande do Norte (Natal). Enquanto cantam e dançam, as figuras entram no circulo e animam o folguedo, movimentando-se com muita agilidade. Instrumentos musicais: instrumentos de percussão. Bambelô é dança da família do Jongo.
Bate-baú
Bate-baú é dança em ritmo de samba, outrora muito apreciada na Bahia; está hoje em desuso. Os negros dançam aos pares; um de cada vez. Indumentária: típica da região. Instrumentos musicais: orquestra rústica. Coreografia: pernas arqueadas, bustos inclinados para trás, batendo ventre contra ventre com um estalido seco, semelhante ao ruído de uma tampa de baú que se fecha bruscamente.
Bajucaré
Batucajé, uma dança sacra, afro-brasileira, apresenta diferentes variantes, o batuque do Jaré, no interior da Bahia e a dança Cabinda, também chamada Piauí, no Estado do mesmo nome. Instrumentos musicais: tambu, quinjengue, matraca, guia (chocalho), cuíca e pandeiro. Coreografia: variante do batuque é dançado em roda, com ritmo e cadência idênticos ao deste. Sua coreografia é mais ou menos livre, ao sabor das improvisações dos dançarinos.
Bumba-meu-boi
A origem do auto do bumba-meu-boi remonta ao Ciclo do Gado, no século XVIII, resultante das relações desiguais que existem entre os escravos e os senhores nas Casas Grandes e Senzalas, refletindo as condições sociais vividas pelos negros e índios. Contado e recontado através dos tempos, na tradição oral nordestina, e depois espalhada pelo Brasil, a lenda fundante adquire contornos de sátira, comédia, tragédia e drama, conforme o lugar em que se inscreve, mas sempre levando em consideração a estória de um homem e um boi, ou seja, o contraste entre, por um lado, a fragilidade do homem e a força bruta do boi e, por outro lado, a inteligência do homem e a estupidez do animal.
Do ponto de vista teatral, o folguedo deriva da tradição espanhola e da portuguesa, tanto no que diz respeito ao desfile como à representação propriamente dita; tradição de se encenarem peças religiosas de inspiração erudita, mas destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos Jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios portugueses aventureiros e conquistadores no catolicismo, por meio da encenação de pequenas peças.
Como dança dramática, o bumba-meu-boi adquire através dos tempos, algumas características dos autos medievais, o que lhe dá o seu caráter de veículo de comunicação.  Simples, emocional, direto, linguagem oral, narrativa clara e uma ampla identificação por parte do público, tomando semelhanças com a comédia satírica ou tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens alegóricos, os incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico.
Ao espalhar-se  pelo país, o bumba-meu-boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. Dessa forma, enquanto no Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas é chamado bumba-meu-boi, no Pará e Amazonas é Boi-Bumbá ou Pavulagem; em Pernambuco é Boi Calemba ou Bumbá; no Ceará é Boi de Reis, Boi Surubim e Boi Zumbi; na Bahia é Boi Janeiro, Boi Estrela do Mar, Dromedário e Mulinha-de-Ouro; no Paraná, em Santa Catarina, é Boi de Mourão ou Boi de Mamão; em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Cabo Frio é Bumba ou Folguedo do Boi; no Espírito Santo é Boi-de-Reis; no Rio Grande do Sul é Bumba, Boizinho, ou Boi Mamão; em São Paulo é Boi de Jacá e Dança do Boi.
Com a mesma caracterização histórica que originou o folguedo no Brasil, no Maranhão, porém o bumba-meu-boi diferenciou-se das demais formas nacionais, adotando um conteúdo ritualístico próprio, diversificando seus estilos e sotaques; criando novas formas de apresentação, de músicas, de adereços e pautando sua sobrevivência pelo gosto popular, sem, no entanto, desrespeitar a lenda que dá origem ao auto.
Ao contrário de outros locais em que é apresentado entre o natal e a festa de reis, portanto de dezembro a janeiro, no Maranhão o bumba-meu-boi faz parte do ciclo das festas juninas, dedicadas a Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal; um tempo que coincide com o verão e com o período da colheita. Isto porque, antes de serem consagradas aos santos populares, estas festas eram pagãs na Roma antiga, ligadas às colheitas, e onde eram cultuados vários deuses e, dentre eles, o Imperador Constantino.
Só com a conversão do Imperador ao Cristianismo, através do batismo, é que o Papa Gregório I (590-604) transforma o calendário romano em calendário cristão, ligando a cada dia um santo.  Como, presumivelmente, São João nasceu no solstício de verão, ele ficou com o dia 24 de junho. Não é à toa que alguns autores assemelham a origem do boi às festas do solstício de verão da Roma Antiga, ligadas às colheitas e realizadas entre os dias 24 e 25 de junho do calendário romano, mais tarde transformado no calendário cristão como festa de São João Batista - não por acaso, o protetor do boi.
É no alargamento das fronteiras sociais e dos limites culturais que se dá o reavivamento dos contatos coletivos, que se dá o contexto da festa, e dentre estas, as festas de santos que são realizadas como pagamento de promessas feitas para pedir uma boa colheita, para curar uma doença, para conseguir dinheiro, para o filho passar de ano na escola, para a filha arranjar um marido. É um tempo sagrado, que transpassado para o bumba-meu-boi, funciona como o tempo de preparação.
Esse tempo sagrado também inicia o ciclo ritualístico com os ensaios que vão do sábado de aleluia até o sábado próximo, ou que coincide com o dia de Santo Antonio; prossegue com o batismo a 23 de junho, véspera do dia de São João - inicio do período junino da temporada de apresentações, cujo ápice é as vésperas do dia de São Pedro e de São Marçal, respectivamente 29 e 30 de junho, e depois continuam até setembro ou outubro, quando acontece a matança do folguedo.
Tal como ocorre ainda hoje em Portugal, e principalmente na região Norte deste pais, o período junino maranhense é o tempo das fogueiras, dos balões, das bandeirinhas, dos ariris, dos arraiais, das brincadeiras de roda, dos fogos de artifícios, das simpatias casamenteiras, dos bailes a céu aberto, das comidas e bebidas típicas, dos namoros à meia luz, dos arranjos e casamentos, dos santos populares, das estórias e narrativas, lendas e mitos, das noites de lua cheia, das estrelas cadentes...
Por exemplo, no lugar Parceiros de São João, região do Ribatejo, em Torres Novas, alguns costumes permanecem, como a queima de alcachofra pelas moças para encontrar namorado/marido: "alcachofra florida / florida te apanhei / Se o meu amor me quiser bem / amanhã de manhã florida te acharei".  Os rapazes confeccionam uma coroa de cravos, escrevem uma mensagem e colocam à porta da moça com quem querem namorar. Outro costume é uso da água para beber, tomar banho ou lavar a casa, nessa época, numa alusão ao batismo de São João. Mais do que isso? Só no São João do Porto onde não faltam a sardinha e o pimentão assados, o alho porro, o martelo, o caldo verde, o vinho de garrafão, os manjericões, os fogos de artifício, o chouriço, o cabrito e o café cimbalino.
No Maranhão, mais precisamente em São Luís, as ruas enchem-se de luzes e cores, de alegria, de danças, de noites que se confundem com os dias, de sons exuberantes, exóticos e sensuais, de arraiais que proliferam a cada esquina, denunciando a presença de bailes, forró, reggae, concursos, bingos, jogos da sorte, leilões, shows e das adivinhações para todos os gostos.
É assim que, ao lado de danças como Quadrilha, Tambor de Mina, Tambor de Crioula, Portuguesa, Espanhola, Do Vaqueiro, Coco, Cacuriá, Bambaê de Caixa, São Gonçalo e Da Fita, o bumba-meu-boi aparece como uma dança à parte, como a dança-mãe de todos os bailados, o núcleo gerador da identidade maranhense; o espetáculo mais representativo do período junino, o único que não pode faltar nos arraiais, clubes, associações, residências ou na rua, onde a festa acontece.  É o que inicia e é o que termina a programação de cada local, levantando poeira, movimentando os mutucas turistas e nativos, o que anima e chama o povo.
É a figura do boi, sua imagem e identidade, que serve de base para propagandas e publicidades turísticas e governamentais; como motivo de inspiração de músicas populares, de reggae, forró, samba, merengue e baião; para slogans de campanhas públicas; para programas eleitorais; para vender artesanato, como decoração de terreiros e arraiais; para divulgação da imagem do Maranhão; para organização de shows, exposições e atos beneficentes; para programas e páginas especiais de jornais, rádios e TV's durante todo o ano.
A identificação do bumba-meu-boi como a dança-mãe é um fenômeno recente, depois que os rebanhos puderam sair dos seus terreiros para brincar e se apresentar em toda a ilha, nos anos 70. Alguns fatores contribuem para a sua popularização: a ida do Boi de Pindaré ao Rio de Janeiro, levado pelo governo para apresentações públicas e gravação do seu primeiro disco; a gravação da música Boi da Lua, de César Teixeira, no disco Bandeira de Aço; a criação do programa Raízes pelo radialista José Raimundo Rodrigues; as apresentações fora de época para turistas, dos grupos de Apolônio Melônio e Madre Deus; a expansão dos grupos de orquestra; a organização em associações culturais e em federações folclóricas define um novo papel para o folguedo.
Há, dessa forma, um processo de identificação coletiva que se solidifica nos finais dos anos 70 e início da década de 80, quando ocorre a inclusão de mulheres na brincadeira e quando passa a ser interessante dançar o bumba-meu-boi porque isso dá status. Já na década de 60 as mulheres participam do bumba-meu-boi em papéis secundários como mutucas ou, em raros casos, como caboclas rajadas, mas nunca no cordão, porque isso é coisa de homem. Elas acompanham os namorados, amantes, maridos, irmãos, amigos, filhos e netos na organização do grupo, confecção das roupas e adereços, guarda de chapéus, bebidas e instrumentos ou como torcedoras, indispensáveis para o sucesso do folguedo. No final da década de 70 e inicio de 80, passam a disputar o mesmo espaço dos homens e a assumir responsabilidades na produção do folguedo como diretoras das sociedades folclóricas, mas também como brincantes de cordão, vaqueiras e amas.
É o tempo em que aparecem as variações modernas para competir de igual para igual com os grupos mais antigos, aumentando a popularidade e a empatia social pelo folguedo. A empatia, no entanto, não é gratuita. Ela é resultado da diversidade dos estilos e gostos estéticos que caracterizam o espetáculo de cada grupo que, apesar das semelhanças gerais, mantém diferenças sutis que os tornam único, às vezes pela riqueza das roupas, às vezes pelo ritmo mais ou menos acelerado, ou ainda às vezes pelo tipo de adereço utilizado. Dessa forma, é possível afirmar que não existe um único grupo igual a outro, de um total de mais de cem em atuação no Maranhão. O que significa; ao mesmo tempo, dizer que o bumba-meu-boi é capaz de atender ao gosto mais exigente, de alegrar a mais insossa das festas; de satisfazer a mais ferrenha das críticas.
É importante observar que as regras básicas do bumba-meu-boi continuam sendo obedecidas, mas cada novo grupo marca sua presença por inclusões ou exclusões estéticas, por inovações de guarda-roupa, por intensificação ou moderação dos sons, por criação de outros personagens ou inclusão de novos instrumentos ou ainda por modificações de linguagem. É a marca que define um grupo de outro grupo, dentro de um contexto maior que os identifica pelo gênero.

1- Mutuca: pequeno inseto também chamado de picopil, tuiuba e ziquizira, que ferroa o gado para se alimentar e descansar. No bumba-meu-boi são os participantes que acompanham o grupo, ajundando na distribuição de comida, bebidas e remédios, e na guarda de roupas e adereços dos brincantes. Forma uma espécie de fã-clube do grupo e é composto pelas namoradas, mães, pais, primos, sobrinhos, amigos, netos, maridos e esposas dos brincantes, podendo tornar-se brincantes substitutos ou eventuais quando um brincante não pode dançar.
2- O Rebanho é outro nome dado aos grupos sobretudo dos sotaques de matraca e da ilha. Não por acaso, o termo significa o coletivo de gado. Foi usado por Nietzsche ao analisar as confrarias religiosas cristãs, cujo objetivo principal é a assistência mútua, o sentimento comunitário que ele chamou de formação de rebanho: os fortes aspiram a se separar, os fracos a se unir.
3- Terreiro é o local de produção e apresentação do folguedo. Historicamente é também o local sagrado, o território de preservação das regras simbólicas, onde se estabelece o continuum cultural dos cultos, dos rituais. No Maranhão, Os povoados da Maioba, Maracanã, Iguaíba, Ribamar, Tijupá e os bairros do Caratatiua, João Paulo, Madre Deus, Floresta, Vila Passos, Fé em Deus e Liberdade são conhecidos como terreiros tradicionais. Até a década de 70 eram lugares distantes, isolados e periféricos, sem muito contato com o centro da cidade.
Bumba-meu-boi
Manifestação folclórica em que são representados, com danças, cantos e declamações, os acontecimentos ligados à vida, morte e ressureição de um boi. (É celebrado de meados de novembro a janeiro, em todo o Nordeste, Sudeste e Sul até Santa Catarina; recebe várias denominações regionais: boi, boi-bumbá, boi-calemba, boi mamão, boi-de-reis, boi-pintadinho, boi-surubim, reis-de-boi.)
Criação inteiramente nacional, o bumba-meu-boi é considerado o auto popular ou dança dramática de maior significação estética e social do folclore brasileiro. Originou-se no fim do século XVIII, nos engenhos e fazendas de gado do Nordeste, e, desvinculando-se do reisado, festa ligada ao catolicismo, revestiu-se de caratér exclusivamente lúdico, com grande ênfase no aspecto visual e na constante renovação do roteiro. É representado ao ar livre e pode durar até oito horas. O público, numa roda em torno dos intérpretes, participa cantando e fazendo apartes, ao que os intérpretes respondem com improvisos. O bumba-meu-boi começa com uma louvação ou cantoria de abertura, seguida da apresentação dos personagens e da entrada do boi, que é representado por um homem no interior de uma armação de madeira ou metal, recoberta de panos coloridos. O boi dança, acompanhado de dois ou três vaqueiros, e adoece ou é morto, sob pretextos que variam. Entram em cena os diversos personagens, que tentam curá-lo ou ressuscitá-lo. Dentre os personagens, estão seres humanos do cotidiano, como o militar, o padre, o médico e o curandeiro, o funcionário do governo, o valentão, etc. (Capitão Boca-Mole, Mateus, o Doutor, Bastião, Engenheiro); animais (a Ema, a Burrinha, a Cobra e o Boi); e seres fantásticos (o Caipora, o Diabo, o Jaraguá). Após as diversas tentativas de salvá-lo, o boi pode se levantar ou não. No final, todos dançam e cantam juntos. O acompanhamento é feito com sanfona, flautim, violão, zabumba, ganzá e pandeiro.
Carinda
Cabinda é uma dança de origem africana, muito comum nos desfiles de negros do Recife, quando se preparam para o Maracatu, por exemplo. É uma dança cheia de mímicas. Indumentária: fantasias, geralmente de chita, de cores muito vivas. Instrumentos musicais: orquestra regional (zabumba) composta de flauta de taquara, ganzá, bombo, reco-reco, caixa. A flauta de taquara é também chamada “pife” (pífano). Coreografia: os dançarinos cantam e executam a dança com floreios de mímicas, ora acocorados, ora pulando como se fossem sapos. A Cabinda é idêntica à Batucajé, usada no Estado do Piauí, razão pela qual também é conhecida por este nome.
Cavalo Marinho
O Cavalo Marinho é um do auto originário de Pernambuco, sofrendo entretanto, influência do elemento holandês. Encontramos nele, ainda, influência do totemismo africano e do espírito indígena, formando um amalgama das três raças que compõe o nosso povo. É uma peça de pictórica alegoria. Instrumentos musicais: bumbo, “pife”, triângulo, reco-reco, grande atabaque, ganzá, violão ou viola. Coreografia: O Cavalo Marinho surge no terreiro ao som da sua “tirada” cantiga. Apresenta-se acompanhado por dois “Mateus” (figuras cômicas). Durante o folguedo há improvisações, brincadeiras. Tiram “sortes”, fazem evoluções picarescas. Cumprimentam os circunstantes. Por fim retiram-se por ordem do Mestre que dirige o espetáculo. Origem: Mista
Cinzas
A procissão de Cinzas teve origem em Olinda em 1720. A cidade dorme em completa escuridão. Subitamente ouvem-se gemidos coletivos, este lúgubre côro provoca calafrios e causa pavor. Aparece um grande número de meninos de 9 a 16 anos, talvez uns duzentos, descobertos e descalços, vestidos de saco, com aspecto tenebroso.
Coreografia: formam duas filas paralelas, dentre as quais marcham figuras alegóricas simbolizando a Morte, o Diabo, o Anjo, etc. Dançam freneticamente um Lundu, com movimentos provocantes e sensuais em completa exaltação dos sentidos e confundem-se num pandemônio de emoções e em completa mistura de classes, idade, sexos e raças.
Coco
O Coco é uma dança de origem ameríndia (tupi), também chamada "bambelô" ou "zamba". É muito dançada na região praiana do norte e do Nordeste, sobretudo em Alagoas. O Coco, a exemplo de outras danças tipicamente brasileiras, apresenta grandes variedades de formas. Em Alagoas é dançado de maneira bastante diferente do Rio Grande do Norte e da outra forma dançada na Paraíba. Além do Coco de Praia, Coco de Roda, Coco de Sertão. Sua natureza porém não é alterada. É uma festa viva e alegre, embora não apresente riqueza de ritmo nem de melodia.
Indumentária: Cavalheiros: calça listrada ou de xadrez, de boca estreita, camisa de meia, sandálias, chapéu de palha. Damas: vestido estampado de cor alegre, mangas fofas, saias bastante rodada, com babados, sandálias.
Instrumentos musicais: zabumba (tambor) "pife", flauta, ganzás, chocalho, viola, pandeiro, etc.
Coreografia: dançam em roda homens e mulheres, alternadamente; o solista no centro. Os pares se sucedem. A dança é mais um sapateado, acompanhado de palmas. Origem: Indígena
Frevo
Origem: Esta dança teve origem nos movimentos da Capoeira. A estilização dos passos foi resultado da perseguição infligida pela Polícia aos capoeiras, que aos poucos sumiram das ruas, dando lugar aos passistas.
Em meados do século XIX, em Pernambuco, surgiram as primeiras bandas de músicas marciais, executando dobrados, marchas e polcas. Estes agrupamentos musicais militares eram acompanhados por grupos de capoeiristas.
Por esta mesma época, surgiram os primeiros clubes de carnaval de Pernambuco, entre eles o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1889) e o C.C.M. Lenhadores (1897), formados por trabalhadores, cada um possuindo a sua banda de música. Os capoeiristas necessitavam de um disfarce para acompanhar as bandas, agora dos clubes, já que eram perseguidos pela polícia. Assim, modificaram seus golpes acompanhando a música, originando tempos depois o "Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas armas pelos símbolos dos clubes que, no caso dos Vassourinhas e Lenhadores, eram constituídos por pedaços de madeira encimados por uma pequena vassoura ou um pequeno machado, usados como enfeites. A sombrinha teria sido utilizada como arma pelos capoeiristas, à semelhança dos símbolos dos clubes e de outros objetos como a bengala. De início, era o guarda-chuvas comum, geralmente velho e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de Pernambuco.2
O frevo é uma dança inspirada em um misto de Marcha e Polca, em compasso binário ou quaternário, dependendo da composição, de ritmo sincopado. É uma das danças mais vivas e mais brejeiras do folclore brasileiro. A comunicabilidade da música é tão contagiante que, quando executada, atrai os que passam e, empolgados, tomam parte nos folguedos. E é por isso mesmo, uma dança de multidão, onde se confundem todas as classes sociais em promiscuidade democrática. O frevo tanto é dançado na rua, como no salão. O berço do frevo é o Estado de Pernambuco, onde é mais dançado do que em outra qualquer parte. Há inúmeros clubes que se comprazem em disputar a palmo nesta dança tipicamente popular, oferecendo exibições de rico efeito coreográfico. Alguém disse que o frevo vem da expressão errônea do negro querendo dizer: "Eu fervo todo", diz: "Quando eu ouço essa música, eu frevo todo". O frevo é rico em espontaneidade e em improvisação, permitindo ao dançarino criar, com seu espírito inventivo, a par com a maestria, os passos mais variados, desde os simples aos mais malabarísticos, possíveis e imagináveis. E, assim, executam, às vezes, verdadeiras acrobacias que chegam a desafiar as leis do equilíbrio.
Coreografia: a coreografia, descrita por Dalmo Berfort de Mattos, dos passos que se seguem do frevo, dão uma idéia de quão interessante é essa dança:
Dobradiça:
O passista se curva para frente, cabeça erguida, flexionando as pernas, apoiado apenas sobre um dos pés, arrasta-o subitamente para trás, substituindo o pé pelo outro. E assim por diante. Este jogo imprime ao corpo uma trepidação curiosa, sem deslocá-lo sensivelmente.
Parafuso ou saca-rolhas: O passista se abaixa rápido, com as pernas em tesoura aberta e logo se levanta, dando uma volta completa sobre a ponta dos pés. Se cruzou a perna direita sobre a esquerda, vira-se para a esquerda, descreve uma volta completa e finda esta, temo-lo com a esquerda sobre a direita sempre em tesoura, que ele desfaz com ligeireza para compor outros passos.
Da bandinha: O passista cruza as pernas, e mantendo-as cruzadas, desloca-se em passinhos miúdos para a direita, para a esquerda, descaindo o ombro para o lado onde se encaminha. Alinhava o movimento como quem vai por uma ladeira abaixo.O passista com os braços para o alto e as nádegas empinadas aproxima e afasta os pés, ou caminha com as pernas arqueadas e bamboleantes.
Corrupio: O passista se curva profundamente e ao mesmo tempo em que se abaixa, rodopia num pé só, em cuja perna se aplica flexionada outra perna, ajustando o peito do pé à panturrilha. Toma uma atitude de quem risca uma faca no chão. O passista manobra com uma das pernas jogando para frente o ombro correspondente à perna que avança, o que faz ora para a direita, ora para a esquerda, alternadamente, na posição de quem força com o peso do ombro uma porta. Este passo se se encontra parceiro é feito vis-à-vis. O passista descreve, todo empinado, o passo miúdo, num circulo, como um galo que corteja a fêmea. O passista anda como um aleijado, arrastando, ora com a perna direita, ora com a esquerda alternadamente, enquanto o restante do corpo se conserva em ângulo reto. O passista põe-se de cócoras, e manobra com as pernas, ora para frente, cada uma por sua vez, ora para os lados.
Chão de barriguinha: O passista com os braços levantados, aproxima-se vis-à-vis e com ele troca uma umbigada, que nunca chega a ser violenta. Se são as nádegas que se tocam, temos o Chão de Bundinha. O passista se verticaliza afoitamente, espiga o busto, levanta os braços e caminha em passo miúdo, arrastando os pés em movimento "saccadé". O passista dá uma volta no ar, de braços arqueados, caindo com os tornozelos cruzados apoiando-se sob os bordos externos dos pés.
O passista dá grandes saltos para um lado e para o outro, mantendo estirada a perna do lado para onde se dirige, e tocando o chão com o calcanhar. Geralmente o passista utiliza-se de um chapéu de sol, afim de melhor garantir o equilíbrio." Ainda há inúmeros passos como o do Urubu Malandro, etc.
Jongo
O jongo, originário de Angola, também conhecido pelos nomes de angona, angoma, angome, pertence ao ramo das danças sagradas. Os folcloristas justificam a sua classificação como dança religiosa, contando a seguinte história: "O jongo nasceu de Nossa Senhora, quando ela soube que Jesus Cristo tinha ressuscitado saiu com um apitinho na boca dançando o jongo". O jongo é uma das danças prediletas dos negros. É dançada a céu aberto, em terreiro, à noite, e, às vezes prolonga-se até o raiar do sol. Instrumentos musicais: tambor, chocalho, puíta, cuíca.
Coreografia: o jongo compõe-se de duas partes: uma, constante de pontos de demanda ou de desafio, na qual os participantes procuram decifrar os "pontos" do cantador; e a outra, de ponto de visaria, de música para dançar. O jongo é dançado à luz da fogueira. Um tambor marca o ritmo e o compasso. Há um cantador. Os figurantes formam um grande círculo, sem limitação de número, sendo, geralmente, numeroso. Os pares solistas dançam no meio do círculo, desenvolvendo verdadeiros duelos de danças. O jongo tem passos complicados e contorsões que exigem ginástica e prova de agilidade. Os passos são deslizantes, para frente, com o pé alternadamente, ao fim de cada deslizamento, faz um curto pulo ao avançar o pé de trás. Giram o corpo. Estando de frente, o par vira-se e defrontam-se ambos, mudando os passos, ora para frente, ora para trás, duas vezes. Depois giram os homens; ao girarem ficam novamente de costas para as mulheres. Elas, também, às vezes dão meia-volta e defrontam-se com os homens que estão atrás. Dão com eles um passo curto, para frente, ao lado direito e balanceiam para trás, depois de um balanceio para a esquerda e voltam-lhe as costas novamente. O par, de frente, conta 1, 2, 3 e balanceia o corpo para o lado oposto um do outro. Depois roçam os corpos, dando um toque altamente sensual à dança.
Maracatu Nação
Maracatu de Baque Virado
Os Maracatus mais antigos do Carnaval do Recife, também conhecidos como Maracatus de Baque Virado ou Maracatu Nação, nasceram da tradição do Rei do Congo, implantada no Brasil pelos portugueses. O mais remoto registro sobre Maracatu data de 1711, de Olinda, e fala de uma instituição que compreendia um setor administrativo e outra, festivo, com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em música e dança próprias para homenagear a coroação do rei: o Maracatu.
Parece que a palavra "maracatu" primeiro designou um instrumento de percussão e, só depois, a dança que se dançava ao som deste instrumento. Os cronistas portugueses chamavam aos "infiéis" de nação, nome que acabou sendo assumido pelo colonizado. Os próprios negros passaram a autodenominar de nações a seus agrupamentos tribais. As nações sobreviventes descendem de organizações de negros deste tipo, e nos seus estandartes escrevem CCMM (Clube Carnavalesco Misto Maracatu). Para Mário de Andrade a origem da palavra maracatu é americana: maracá=instrumento ameríndio de percussão; catu=bom, bonito em tupi; marã=guerra, confusão. Marãcàtú, e depois maràcàtú valendo como guerra bonita, isto é, reunindo o sentido festivo e o sentido guerreiro no mesmo termo. Do Maracatu Nação participam entre 30 e 50 figuras. Entre elas estão o Porta-Estandarte, trajado à Luís XV (como nos clubes de frevo), que conduz o pavilhão e, ao seu lado, traz uma baliza ou um ajudante. Atrás, vêm as Damas do Paço, cinco ou dez delas, as de maior importância no bailado, e que carregam as Calungas, que são bonecos de origem religiosa, do Congo, reminiscência de cultos fetichistas.
A dança executada com as Calungas tem caráter religioso e é obrigatória na porta das Igrejas, representando um "agrado" à Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Quando o Maracatu visita um terreiro homenageia os Orixás. Depois das Damas do Paço segue a corte: Duque e Duquesa, Príncipe e Princesa, um Embaixador (nos Maracatus mais pobres o Porta-estandarte vale como Embaixador). A corte abre alas para o Rei e a Rainha, que trazem coroas douradas e vestem mantos de veludo bordados e enfeitados com arminho. Nas mãos trazem pequenas espadas e cetros reais. O Rei é coberto por um grande pálio encimado por uma esfera ou uma lua, transportado pelo Escravo que o gira entre suas mãos, lembrando o movimento da Terra. O uso deste tipo de guarda-sol é costume árabe, ainda hoje presente em certas regiões africanas. Alguns Maracatus incluem nesse trecho do cortejo também meninos lanceiros, vestidos como guardas-romanos, com capacete de metal. Outros, não dispensam a figura do Caboclo de Pena, que representa o indígena brasileiro e tem coreografia complicadíssima. Enquanto dança ao redor do cortejo, emite sons estranhos, imitando pássaros selvagens, e produz estalos secos e rápidos com seu arco e flecha.
A orquestra do Maracatu Nação é composta apenas por instrumentos de percussão: vários tambores grandes (zabumbas), caixas e taróis, ganzás e um gonguê (metalofone de uma ou duas campânulas, percutidas por uma vareta de metal). O Mestre de Toadas "puxa" os cantos, e o coro responde. As baianas têm a responsabilidade de cantar, outras vezes, são os caboclos, mas todos os dançarinos também podem participar.
Este Maracatu mais tradicional é chamado de Baque Virado porque este termo é sinônimo de um dos "toques" característicos do cortejo.
Os Maracatus de Baque Virado sempre começam em ritmo compassado, que depois se acelera, embora jamais alcance um andamento muito rápido. Antes de se ouvir a corneta ou o clarim, que precedem o estandarte da Nação, é a zoada do "baque" que anuncia, ao longe, a chegada do Maracatu.
O Maracatu se distingue das outras danças dramáticas e das danças negras em geral pela sua coreografia. Há uma presença forte de uma origem mística na maneira com que se dança o Maracatu, que lembra as danças do Candomblé baiano. Balizas e Caboclos dançam todo o cortejo. Baianas e Damas do Paço têm coreografias especiais. Todos os outros se movimentam mais discretamente.
Caboclos e Guias fazem muitas acrobacias, que parecem com os passos dos frevos de carnavalescos. Mário de Andrade descreve a dança das baianas: “Embebedadas pela percussão, dançam lentas, molengas, bamboleando levemente os quartos, num passinho curto, quase inexistente, sem nenhuma figuração dos pés. Os braços, as mãos é que se movem mais, ao contorcer preguiçoso do torso. Vão se erguendo, se abrem, sem nunca se estirarem completamente no ombro, no cotovelo, no pulso, aproveitando as articulações com delícia, para ondularem sempre. Às vezes, o torso parece perder o equilíbrio e lerdamente vai se inclinando para uma banda, e o braço desse lado se abaixa sempre também, acrescentando com equilíbrio o seu valor de peso, ao passo que o outro se ergue e peneira no ar numa circulação contínua e vagarenta...
 Nação do Maracatu Elefante, Recife – Pernambuco

Meia-canha
é uma dança componente do fandango, e faz parte dos bailes rurais, principalmente no Rio Grande do Norte. Indumentária: típica da região. Instrumento musical: orquestra regional. Coreografia: os figurantes ficam em roda. Ouve-se a música. Um cavalheiro avança até o meio, dançando. Então faz um sinal a uma das damas, com um lenço, como convite a dançarem. A dama dirige-se ao seu encontro. A roda desloca-se para um lado, enquanto o casal para o outro. O cavalheiro executa passos e requebros, depois faz um sinal para que a orquestra silencie.  Diante de sua dama, recita uma quadra galante e poética. Esta responde com outra, correspondendo ou rechaçando a intenção dos versos recebidos. A música recomeça e o par dança alguns passos. Então a dama acompanha o cavalheiro ao seu lugar, ficando sozinha, e convida outro cavalheiro, repetindo-se a dança.
Mineiro-Pau
Mineiro-pau é uma dança singela, de origem indígena, sendo mais dançada em Pernambuco. É mais um divertimento dos jovens. Coreografia: moças e rapazes formam um circulo, de mãos dadas. No centro, um solista (violeiro ou violonista) que canta acompanhando a música com seu instrumento a fim de animar o folguedo. Os dançadores voltam-se ora para a direita, ora para a esquerda. Assim ficam de frente para o seu par ou para o par vizinho. Entrementes, sapateiam acompanhando o ritmo e o compasso da melodia. O mineiro-pau é uma dança animada, viva e rica em movimentos. Origem: Indígena
Nau Catarineta
A Nau Catarineta é um episódio épico que lembra a Odisséia. É uma ode romanceada que pelo fascínio do seu enredo dramático e pelos mirabolantes efeitos pictóricos da coreografia, se transforma em um bailado. A história desenvolve-se a bordo de um navio que parte do Recife para Lisboa, na época das conquistas marítimas (1565), e que depois de cruentos combates e lutas dolorosas, chega, afinal, a um porto seguro. Indumentária: característica de navegadores.
Coreografia: O auto da Nau Catarineta divide-se em três partes:
1.ª parte: Surge um navio sobre rodas, arrastado pelos marujos. Formam-se em filas, de braços dados, e balançam o corpo, como se estivessem a bordo. O Comandante da nau avista o emissário do navio dos mouros, que lhe traz intimação para que se renda. Recusa-se. Travam-se combate entre os dois navios. Vencem os cristãos e exigem que o filho do Sultão se converta ao Catolicismo, sob pena de morte. Ele, para não morrer, concorda em mudar de religião. Eis que chega o sultão e desespera-se ao saber que o filho se converteu. Amaldiçoa-o e suicida-se em seguida. Seu corpo é atirado ao mar.
2.ª parte: Esgotam-se os víveres da Nau Catarineta e grassa a fome entre a tripulação. O Capitão resolve tirar a sorte para decidir quem deverá ser comido, e o seu próprio nome é sorteado.  Preparam-se para a execução e o Capitão manda o gajeiro, (que é o diabo, em figura de gente), ver se avista terra. O gajeiro galga o mastro, mas da primeira vez só avista sete espadas para matar o seu superior; este insiste, e finalmente o gajeiro informa:
"Já vejo terras de Espanha,
Areias de Portugal!
Também vejo três meninas
Debaixo dum laranjal."
O comandante declara que são as suas próprias filhas e as oferece a ele se salvar. O gajeiro entretanto, exige como recompensa a Nau Catarineta. O outro responde que lhe dá todas as 3 filhas, suas terras, todo o seu ouro e prata, menos a Nau, demonstrando que é uma parte de si mesmo, como se fosse sua alma. Então, o gajeiro exige sua alma para levar para o inferno. O Comandante diz que sua alma pertence a Deus, e atira-se ao mar. Três anjos o salvam.
3.ª parte: Os marujos consertam as velas e realizam outras tarefas normais de bordo, enquanto cantam melodias ligadas às suas vidas aventureiras, de almas errantes. Sobrevem  uma tempestade e a Nau quase vai a pique, mas é salva pela arrojada tripulação. Trava-se uma discussão entre o capitão e o piloto, lutam, e o último ferido, desfalece. Pedem a prisão do responsável. Mas, quando o Capelão vem para ministrar os sacramentos grita que ele ainda vive.  A viagem continua e, afinal, a Nau Catarineta alcança seu destino. No desembarque, descobrem um contrabando dos guardas-marinhas que são presos e a mercadoria apreendida. Os marinheiros cantam alegres e felizes, com o fim da jornada, depois das peripécias, nas quais a vida parecia chegar ao fim.
Punga
Punga, dança muito popular, principalmente no Estado do Maranhão. É uma dança simples e sem complicações coreográficas. É dançada nos salões, classificada entre as danças de natureza lasciva, principalmente pela umbigada que faz marcação entre os pares.
Instrumentos musicais: tambor, pandeiro, etc.
Coreografia: Punga é dançada em roda. O início é assinalado pelo toque de um tambor grande. Os dançadores avançam dando dois passos para frente, e uma roda em seguida, dirigindo-se ao círculo, escolhendo quem vai levar a punga. Avança de barriga empinada de encontro a pessoa escolhida.
O movimento da umbigada é um misto de cômico e de lascivo.
Quilombos
A dança dos quilombos é uma epopéia histórica da Guerra dos Palmares, que durou 70 anos no Estado de Alagoas. É uma dança coletiva na qual tomam parte negros e índios. Divide-se em duas partes. Na primeira, os negros comemoram o saque efetuado na noite anterior, e vendem as mercadorias nele obtidas. Na segunda parte, trava-se um combate entre negros e índios. Estes saem vencedores. A festa é realizada no dia do orago (santo de invocação e padroeiro da feguesia).
O quilombo é dançado numa praça decorada com palmas, folhas de bananeiras e ramos de árvores. Tanto as folhas como os ramos são adornados com flores, frutos e bandeirolas. Ao centro uma paliçada com dois tronos de ramagens, o da esquerda ocupado pelo rei, de gibão e calção brancos, manto azul, com espada; e o outro, ainda vazio, destinado a rainha. Os negros dançam e cantam acompanhados de adugos, ganzás, pandeiros, mulungus. Em dado momento, ouvem-se gritos de guerra e a música recrudesce. Ecoa o som de buzinas a anunciar a venda do saque. Os negros espalham-se para vender os animais furtados (galinhas, bois, cavalos, carneiros, etc.) As vendas são feitas aos próprios donos. O rei, acompanhado do seu séqüito, vai buscar a rainha que, entre flores, com danças, cantos e gritos marciais, é conduzida ao trono. Aparecem, entre as folhagens, as sentinelas dos caboclos, trajando tangas e cocares de penas, armados de arcos e flechas. Os negros gritam surpresos e apavorados com a presença do inimigo. Os caboclos avançam, precedidos de seu rei, este de manto vermelho e empunhando uma espada, aproxima-se, cantando e dançando o toré, executado por instrumentos de gomos de taquara rachados e de folhas de palmeiras enroladas.
Trava-se demorado combate entre os negros e os caboclos. Por fim, os caboclos subjugam o rei dos negros e seqüestram a rainha. Ouve-se o repicar dos sinos, anunciando a vitória. Seguem-se explosões de fogos. Os negros são arrebanhados no centro do quilombo, que é destruído. Os índios vendem os negros e entregam a rainha a um dignatário. Este oferece larga recompensa aos vencedores.
Rojão
O Rojão é uma dança de ritmo acelerado, muito apreciado no Nordeste. Além de ser uma espécie de dança, o Rojão é mais um veículo musical onde os cantadores nordestinos procuram descrever as suas próprias façanhas, ou as façanhas de alguma personagem famosa na região. O motivo é sempre a narrativa de episódios de valentia, coragem e arrojo, com o fim de conquistar a admiração e o respeito dos assistentes. Às vezes, toma forma de desafio entre os participantes, os quais disputam a primazia de “cabra valente”, durando às vezes, horas a fio. Instrumentos musicais: viola e tan-tan, ou viola e pandeireta.
Coreografia: a coreografia é revelada pela mímica e os requebros que os cantores ilustram as narrativas, e também pela manifestação espontânea, gritos e algazarra de crítica ou aplauso dos circunstantes.




CENTRO-OESTE




Marimbondo
Marimbondo é uma dança popular de composição fácil, apreciada principalmente no Estado de Goiás. É mais um divertimento no qual o bailarino revela sua habilidade de dançarino-equilibrista, enquanto os circunstantes acompanham seus movimentos com interesse e algazarra. O fracasso do dançarino exibicionista é sempre motivo de graça para a assistência. Instrumentos musicais: pandeiro e cuíca. Coreografia: os figurantes formam um circulo. O pandeirista ou tocador de cuíca abre a dança fazendo o instrumento soar, marcando o ritmo. O dançarino entra na roda e, equilibrando sobre a cabeça um pote de água à tona da qual bóia uma cuia, dançando e pulando com gaiatice. Entrementes, passa as mãos pelo corpo como que tentando afugentar um marimbondo que o morde. Após suas exibições de malabarismo, ajoelha-se diante de um dos assistentes, para que o substitua, executando a mesma coreografia. Caso o escolhido aceite, bem, do contrário, será obrigado a pagar uma rodada de bebidas para a turma.
 Palminha
Palminha é uma modalidade de quadrilha rural. É muito apreciada no Brasil Central, principalmente em Goiás. Representa mais um divertimento, no qual os participantes se entretêm com cordialidade e alegria. Dançam homens e mulheres ao mesmo tempo, aos pares. Instrumento musical: Orquestra regional. Coreografia: Um cavalheiro, agitando um lenço, caminha em direção a uma das damas e lho entrega, à guisa de convite para dançar. Dançam aos pares, soltos. Por fim, a dama entrega o lenço a outro cavalheiro, e dança igualmente com este. O lenço somente é devolvido ao dono depois de fazer uma volta completa. A palminha tem figuras semelhantes às da quadrilha, principalmente os movimentos centrais, com passo à direita e à esquerda. Batem palmas, mão contra mão, no sentido inverso ao do passo, e depois com as duas mãos, girando em seguida. A coreografia desta dança assemelha-se à do caminho da roça.
Recortado
O Recortado lembra o Cateretê, do qual recebe influência, embora contraste com este pela sua vivacidade e por ser mais movimentado. É mais dançado no Brasil Central. Indumentária: caipira típica da região. Instrumentos musicais: viola. Coreografia: o Recortado é dançado às vezes em fileiras opostas com danças de fileira que acabam se transformando em roda. Nesta dança os cavalheiros dançam sapateando e dando umbigada ora para a direita, ora para a esquerda. Trocam de lugares, têm passos cruzados acompanhados de palmas. O Recortado tando pode ser executado com ou sem canto.
Serra Morenimha
Serra Moreninha é uma dança popular muito apreciada nos pousos de foliões do sul de Goiás. É uma espécie de bailado. Está classificada entre as danças de salão. Instrumentos musicais: orquestra regional. Coreografia: os homens compõem uma fila e as mulheres, outra, com igual número de participantes. Dão-se as mãos damas e cavalheiros, e dançam com meneios e requebros. Enquanto dançam, ao som da orquestra, os pares imitam os movimentos de serradores que puxam a serra. Entrementes cantam um estribilho.
Volta Senhora
Volta Senhora é quadrilha que faz parte dos diversos motivos do Fandango, do qual ela é a mais vistosa em efeitos coreográficos e cenográficos, sendo ela dançada principalmente no Estado de Goiás. Instrumento musical: viola.
Coreografia: Homens e mulheres que ao compasso da viola e do canto do violeiro, executam inúmeras figuras e variações, enquanto isso os dançadores são sempre ligados entre si por lenços ou paus apropriados. "O Moinho", uma das figuras mais apreciadas, é formada por uma roda em que as mãos direitas dos dançadores se entrelaçam formando eixo, enquanto a esquerda segura as duas extremidades dos paus (ou lenços). Executam piruetas, formando alas e outras variações, enquanto o violeiro fica do lado de fora, até que, para finalizar a dança, formam com os cacetes uma grade, em cima da qual sobe o violeiro que é levado em triunfo.
Cavalhada
A Cavalhada teve origem nos torneios medievais, dos quais  tem, entre outras reminicências, o uso de fitas como prêmio, que são oferecidas pelo ganhador a uma mulher ou outra pessoa que deseje homenagear. Em Portugal teve feição cívico-religiosa, envolvendo temas do período da Reconquista. Sua difusão no Brasil, registrada desde o século XVII, partiu do Nordeste e espalhou-se pelo resto do país. Em 1641, quando da aclamação de D. João IV, foram promovidas várias cavalhadas como parte dos festejos oficiais. É ainda um folquedo vivo em vários pontos do Brasil, como Alagoas, Minas Gerais e Goiás. Em Pirenópolis (GO) a cavalhada é realizada durante a festa do Divino e representa o auto de cristãos e mouros.
As "Cavalhadas", de Pirenópolis - Goiás, destacam-se entre os eventos da Festa do Divino Espírito Santo, que ocorre naquela cidade goiana 40 dias após a Páscoa. Este drama profano e popular atrai todos os anos grande número de espectadores ao local. As "Cavalhadas entre Cristãos e Mouros" foram introduzidas nesta área do planalto central brasileiro nas primeiras décadas do século XIX. Desenvolvem uma temática em torno de lutas simuladas de Carlos Magno e seus cavaleiros (os doze Pares de França) enviados para combater os Mouros na Península Ibérica. São representadas durante três dias, depois da procissão do Domingo, na parte da tarde, em local especialmente destinado a este tipo de manifestação folclórica e que sempre termina com a vitória dos cristãos. Antes do início dos combates entre cristãos e mouros surgem nas ruas da cidade grupos de cavaleiros chamados Mascarados, trajando roupas bizarras. Os Mascarados, gritando, estalam seus chicotes e fazem pantomimas. Destacam-se, porém, pelas magníficas máscaras, obras de artesanato popular, representando as mais diversas figuras: demônios, gorilas, cabeças de vacas, cabeças de bois, com grandes chifres. Seus cavalos, muito enfeitados, trazem pendurados latinhas e guisos que produzem um barulho característico quando a galope ou trotando. 
Os Cavaleiros (em número de 24 - 12 para cada grupo) reúnem-se ao som de um tambor que ecoa pelas ruas e, juntos, dirigem-se marcialmente para o campo da exibição onde serão desenvolvidos: no primeiro dia, desafios, embaixadas de mouros e de cristãos, arrazoados dos reis e carreiras. No segundo, ocorrem carreiras, rendição, conversão e batismo dos mouros. No terceiro dia, os grupos se confraternizam através de jogos de adestramento ("cabeças" - "argolinhas") e habilidades eqüestres. É uma competição real de desfecho imprevisto com possibilidades de vitória para qualquer grupo.
Deve-se acrescentar que a entrada dos Cavaleiros em campo é precedida por Banda de Música, grupo de ginastas, moças levando as bandeiras dos Cristãos, dos Mouros, da Festa do Divino e de Banda, dos Grupos de Vilão a de Contradança a dos Mascarados. Estes Cavaleiros usam trajes luxuosos, predominando o vermelho para os mouros e o azul para os cristãos; as armas e os cavalos apresentam-se ricamente ajaezados. Ao final do espetáculo, os Cavaleiros retiram-se a galope em conjunto, e, mantendo uma hierarquia, dirigem-se, a passo, para a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, onde deporão suas armas. Estas voltarão a ser utilizadas no próximo ano.
Cururu
O cururu é uma dança sagrada dos índios brasileiros, de origem tupi-guarani. Anteriormente era dançada nos templos. Mais tarde foi transportada para o domicilio do festeiro, onde se coloca um altar com o Santo Padroeiro do respectivo culto. É dançada exclusivamente por homens. O seu sítio de maior difusão é o Estado de Mato Grosso.
Coreografia: os bailarinos formam em duas filas, uma de frente para a outra, tendo ao lado o altar com o Padroeiro. Afastam-se em fila indiana, dando dois passos para a direita e dois passos para a esquerda, transformando a fila em pequenos círculos. Entram desafios entremeados de danças e acompanhamento musical. Os figurantes bebem cachaça. Nos seus "Ensaios de Etnologia Brasileira", Herbert Baldus menciona a dança do Cururu da Tribo Tupi, dos Guajajaras, no Maranhão, na qual, "de repente, o chefe acocora-se e se põe a saltitar sobre o fogo e a soltar o hu, hu, hu do sapo. Depois toma de uma brasa e pondo-se a soprá-la, engole-a devagar". Sant'Ana Nery cita a coreografia dos índios, em que eles formam um circulo, no meio do qual um índio imita o saltitar do sapo. Origem: Indígena Data de registro: meados do século XX (1950)



SUDESTE



Bate-Caixa
É uma variante do Jongo, É uma dança coletiva do interior do Estado de São Paulo, seu berço de origem. O Bate-Caixa é dançado por ocasião das festas do Divino Espírito Santo. Instrumentos musicais: tambor e instrumentos regionais. Coreografia: é uma dança de roda. Apresenta como característica, diferente das danças comuns deste gênero, a circunstância de ficarem os músicos no meio do circulo. Os dançarinos giram sempre em cadência lenta. O tambor (caixa surda) destaca-se dos demais instrumentos. Cantam em diálogo: “O cabelo do santo... é ouro só”. “Os olhos do santo. é ouro só”. “Os dentes do santo... é ouro só”. É dança do gênero do Jongo, entretanto, difere do Jongo típico e do Bambelô, que têm mais reviravoltas e requerem uma agilidade incrível. Data de registro: meados do século XX (~1950)
Bate-pé
Bate-Pé é uma dança sapateada (regional), simples e de fácil execução, mas muito pouco difundida. Sua realização não depende de orquestra ou de emprego de instrumentos, bastando apenas uma viola para animar o folguedo. É mais popular no interior do Estado de São Paulo. Data de registro: meados do século XX (~1950)
Caiapós
O caiapós era muito dançado pelos indígenas da zona litorânea paulista. Com o avanço da civilização e o recuo dos silvícolas para as margens do Xingu, através dos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso, até o Pará, e por onde passaram, os Caiapós deixaram sua dança "caiapós", com raízes mais profundas no primeiro "habitat". Os caiapós, no Amazonas, não admitem contatos com os civilizados com os quais estão em permanente guerra, talvez inspirados no antigo ódio por haverem sido escorraçados pelos brancos. O caiapó paulista é uma dança coletiva. Indumentária: indígena. Instrumentos musicais: corneta (de chifre de boi), chocalhos, pandeiros, reco-recos, zabumba. Coreografia: os participantes marcham pelas ruas, em coluna por dois. Entrementes, saltam e gritam ao som da música. Procuram uma praça qualquer e fazem um circulo, sempre cantando e dançando. O cacique faz marcação com sua corneta de chifre. Cantam e dançam e, em dado momento, um índio pequeno se lança ao chão "morto". Em seguida, cai outro, também "morto". O circulo de dançarinos rodeia os mortos e os índios se debruçam no chão, ficando somente o cacique de pé, tocando a corneta. Os índios debruçados, esconjuram os males que vitimaram os dois meninos. Obtêm êxito e os dois "mortos" ressuscitam. Levantam-se todos e começam a pular e a dançar. Satisfeitos, os caiapós terminam a cerimônia retirando-se aos gritos e aos pulos. Origem: Indígena Data de registro: meados do século XX (~1950)
Calango
É uma dança popular profana, usada principalmente nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. É composta de cantos e bailes, separadamente ou em conjunto. Indumentária: traje comum. Instrumentos musicais: orquestra regional. Coreografia: o Calango é apresentado em ritmo quaternário. Os pares dançam enlaçados, em estilo de samba. É de composição simples e de coreografia livre. Data de registro: meados do século XX (~1950)
Cateretê
O Cateretê é uma das danças mais genuinamente brasileira. É de origem indígena, tal qual o seu próprio nome, tirado da língua Tupi. É uma espécie de sapateado brasileiro executado com "bate-pé" ao som de palmas e violas. Tanto é exercitado somente por homens, como também por um conjunto de mulheres. O Cateretê é conhecido e praticado, largamente, no interior do Brasil, especialmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e, também, em menor escala, no Nordeste. Em Goiás é denominado "Catira". Indumentária: os homens usam trajes comuns de passeio: sapatos, calças, paletós, camisa e gravata. Quando composto também de mulheres, estas usam igualmente indumentária comum. Instrumentos musicais: violas, batidas das mãos (palmas) uma contra a outra. Coreografia: é interessante a coreografia registrada por Rossini Tavares de Lima, em seu livro "Melodia e Ritmo no Folclore de São Paulo", assim apresentada: "Para começar o Cateretê, o violeiro puxa o rasqueado e os dançadores fazem a "escova", isto é, um rápido bate-pé, bate-mão e seis pulos. A seguir o violeiro canta parte da moda, ajudado pelo "segunda" e volta ao "rasqueado". Os dançadores entram no bate-pé, bate-mão e dão seis pulos.  Prossegue depois o violeiro o canto da Moda, recitando mais uns versos, que são seguidos de bate-pé, bate-mão e seis pulos. Quando encerra a moda, os dançadores após o bate-pé- e bate-mão, realizam a figura que se denomina "Serra Acima", na qual rodam uns atrás dos outros, da esquerda para a direita, batendo os pés e depois as mãos. Feita a volta completa, os dançadores viram-se e se voltam para trás, realizando o que se denomina "Serra Abaixo", sempre a alternar o bate-pé e o bate-mão. Ao terminar o "Serra Abaixo" cada um deve estar no seu lugar, afim de executar novamente o bate-pé, o bate-mão e seis pulos". "O Cateretê encerra-se com o Recortado, no qual as fileiras trocam de lugar e assim também os dançadores, até que o violeiro e seu "segunda" se colocam na extremidade oposta e depois voltam aos seus lugares. Durante o recortado, depois do "levante", no qual todos levantam a melodia, cantando em coro, os cantadores entoam quadrinhas em ritmo vivo. No final do Recortado, os dançadores executam novamente o bate-pé, o bate-mão e os seis pulos. Origem: Indígena Data de registro: meados do século XX (~1950)
Chiba
 É uma dança sapateada em que os pares dançam separados. É animada apenas por uma viola. Encontrada na zona praieira do Estado do Rio de Janeiro. Indumentária: traje comum, sendo que os homens usam também tamancos. Instrumentos musicais: viola. Coreografia: os cantadores formam uma roda e vão lançando versos. Um casal entra no meio da dança. Terminando, convida outro casal para lhes substituir com uma umbigada. E assim, sucessivamente. O ritmo da toada é binário e marcado com palmas dos figurantes. O ponto alto, mais sugestivo e mais impressionante da dança é representado pelo sapateado. O matraquear das dezenas de tamancos ferindo o solo produz ruídos ensurdecedores e atordoantes. As mulheres não sapateiam (nem usam tamancos). Bailam em passos curtos e cadenciados por entre os dançadores. A Chiba apresenta outras variantes menos populares. Data de registro: meados do século XX (~1950)
Carnaval
Festa popular, coletiva, realizada anualmente nos três dias que antecedem a Quarta-feira de cinzas. Chamada também folia (folia de Momo, dias de folia). O carnaval reveste-se de características próprias segundo o lugar em que ocorre. Distingue-se, entre si, os carnavais de Nice, Veneza, Roma, Florença, Nova Orleans e Brasil. Diferencia-se, inclusive, no Brasil: no Rio de Janeiro, hoje, os eventos mais importantes do carnaval são os bailes de salão e os desfiles das escolas de samba. Em Salvador, predomina o carnaval de rua, ao som de trios elétricos, blocos e afoxés. Em Pernambuco, sobretudo em Olinda e Recife, são mais marcados os blocos de frevo e maracatu. Considera-se o carnaval uma reminiscência das festas dionisíacas da Grécia antiga, das bacanais, saturnais e lupercais romanas, todas de caráter orgiástico. São apontados também ligações com as festas dos doidos e das danças macabras medievais, sendo provável que todas essas formas de divertimento tenham-se transformado, tempos afora, nos bailes de máscaras do Renascimento e nos carnavais dos tempos modernos.
O carnaval foi introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente no século XVII, com o nome de entrudo. Essa forma de brincar, que persistiu durante a Colônia e a Monarquia, consistia num folguedo alegre mas violento. As pessoas atiravam umas nas outras água com bisnagas ou limões de cera e depois pó, cal  e tudo que tivessem às mãos. Combatido como jogo selvagem, o entrudo prevaleceu até aparecerem elementos de brincar menos agressivos, como o confete, a serpentina e o lança-perfume. Daí em diante, através dos tempos, o carnaval foi inovando. Em 1840 realizou-se o primeiro baile. Em 1846 surgiu o Zé Pereira, grupo dos foliões de rua com bombos e tambores. Vieram depois os cordões,  as sociedades carnavalescas, blocos e ranchos. O corso, hoje desaparecido, consistia num desfile de carros pelas ruas da cidade, todos de capota arriada, com foliões fantasiados atirando confetes e serpentinas uns nos outros. Em 1929, foi fundada a primeira escola de samba (Deixa Falar), no bairro carioca do Estácio, seguida de várias outras, no Rio de Janeiro e em outros estados. Até o fim do século XIX os foliões dançavam e cantavam nas ruas quadrinhas anônimas, ao ritmo de percussão e ao som de bandas. A partir de Abre-alas (1899), da maestrina Chiquinha Gonzaga, a folia passou a ser animada por composições especialmente elaboradas para elas: são a marcha-rancho, o samba, a marchinha, o samba-enredo e o frevo, além da batucada.

Escolas de Samba
Desde o início dos anos 30, as escolas desfilaram sem caráter oficial; em 1932, a Mangueira ganhou o primeiro concurso. A partir da década de 50, as escolas de samba formalizaram uma estrutura que, de maneira geral, se mantém até hoje: a comissão de frente (grupo de dez ou 15 sambistas) representa a diretoria e abre o desfile apresentando a escola; o carro abre-alas pede passagem e traz o nome do enredo; atrás dele vêm o mestre-sala e a porta-bandeira, os anfitriões da escola, escolhidos entre seus melhores passistas. O grosso da escola (que deve ter no mínimo 500 componentes) divide-se em alas:
a ala das baianas é tradicional e obrigatória;
·      a ala das crianças foi regulamentada em 1985;
·      a ala dos compositores comanda a puxada do samba na avenida.
·      Os destaques (personagens do enredo ou "celebridades") desfilam em meio às alas.
·      A bateria (só instrumentos de percussão) segura o ritmo para o canto e a dança;
·      A harmonia (grupo de diretores da escola) supervisiona o desfile percorrendo as alas.
·      O luxo e o esplendor dos desfiles são o ponto alto do carnaval carioca e, mais recentemente, tornaram-se obrigatórios nos carnavais de várias cidades brasileiras.  No Rio de janeiro, as escolas estão divididas em grupos: as dos dois primeiros desfilam na Avenida Marquês de Sapucaí, na Passarela do Samba (também chamada Sambódromo), inaugurada em 1984 (projeto de Oscar Niemeyer); as dos outros grupos desfilam na Avenida Rio Branco. Em São Paulo, as principais escolas desfilam no Sambódromo do Anhembi.

Festas Juninas
Nas cidades, nas paróquias e escolas são montadas as quermesses, repletas de barraquinhas com comidas típicas (canjica, arroz-doce, pé-de-moleque, pipoca, quentão); jogos para acertar um alvo, pescaria, coelhinho (são casinhas numeradas formando um circulo com coelhinho solto no centro e as pessoas torcem para o coelho entrar na casa de número corresponde ao do bilhete comprado), em que se podem ganhar uma prenda. Na barraquinha de quentão, pinga fervida com açúcar e gengibre. E o ponto alto da festa que é o casamento caipira seguido da quadrilha. O correio-elegante em que os jovens e adultos trocam mensagens de carinho e oferecem música para entes queridos que serão ouvidas no alto-falante do arraial. O leilão de prendas, onde são arrematados pelo melhor preço: frangos e leitões assados, bolos, roscas e cartuchos (cone de cartolina decorada com recheio de doces caseiros). Nas comunidades rurais, além do "casamento da roça" e da quadrilha, também acedem fogueiras.
Introduzidas pelos portugueses, onde o culto a São João é um dos mais antigos e populares, as festas juninas (de junho) ou joaninas (de João) iniciam-se no dia 12 do mês, com os festejos da véspera de Santo Antonio, e terminam no dia 29 (São Pedro); têm seu auge na noite de 23 para 24, o dia de São João propriamente dito. Embora seu caratér folclorico desapareça pouco a pouco, principalmente nas grandes cidades, ainda são cultivadas Brasil afora. No Nordeste têm muita afluência popular as festas em Campina Grande, João Pessoa e Santa Luzia do Sabugi (PB), em cidades pernambucanas e em São Luís do Maranhão. Em Fortaleza (CE) realiza-se um festival de quadrilhas. No Centro-Oeste os festejos são mais intensos em Dourados e Corumbá (MS) e, no Sudeste, em Cabo Frio (RJ), na cidade do Rio de Janeiro e em Ubatuba (SP). Nas grandes cidades, onde não se acedem fogueiras, um dos elementos centrais das festas, a tradição tende a desaparecer. Observam-se esforços para mantê-la, principalmente nos colégios, onde professores costumam organizar festas a que as crianças comparecem em trajes caipiras. Nessas reuniões procura-se reviver tradições rurais: as danças de quadrilha, comes-e-bebes como pipoca e quentão, jogos e brincadeiras. O ciclo junino corresponde às festas de Santo Antonio, São João e São Pedro. Santo Antonio é o santo casamenteiro por excelência e o seu prestígio está junto às moças solteiras.
Lundu ou Lundum
Dança já popular em Portugal no séc. XVI, citada deste 1780 como "dança licenciosa e indecente", o lundu apareceu em fins do séc. XVIII, como canção acompanhada de viola, tanto no Brasil como em Portugal. Por volta de 1830, com harmonização erudita, invadiu os salões da elite carioca na forma de canção ou dança. A moda, que teve seu apogeu em fins do séc. XIX, durou até a década de 1920, quando o lundu, fundido com outras danças, como o tango e a polca, deu origem ao maxixe. O ator Xisto Bahia compôs e interpretou célebres lundus. O Lundu é uma dança sensual de origem africana. Em princípio, foi uma dança lúbrica e ardente dos negros, tendo depois passado para os salões com feição brejeira, afinal se perdendo na transformação incessante de novas formas. Instrumentos musicais: bandolim. Coreografia: o Lundu é acompanhado por bandolim. Não é usado o acompanhamento por canto. Seu ritmo é de 6/8, e de motivo animado, lembrando a dança escocesa. Os componentes desta dança acham-se sentados em torno de uma sala à espera do início do folguedo. Uma mulher levanta-se e dirige-se para o centro do circulo, com passos provocantes. Um homem sente a sua atenção despertada pelos seus requebros e segue seus movimentos. Os instintos entram em ebulição. E a volúpia apodera-se dos dançarinos em escala crescente. E dançam em volteios sensuais até que a mulher, desfalecendo, cai nos braços do homem, e cobre o rosto com seu lenço, para ocultar a sua emoção. Outra modalidade do Lundu é dança de roda, muito apreciada na Ilha de Marajó e nos arredores de Belém, no Estado do Pará. Tomou o nome do instrumento de percussão usado pelos negros. É de origem africana e, pode-se dizer, dançada exclusivamente por mulheres, uma vez que os homens apenas fazem parte da roda. Indumentária: saia bastante rodada, de estampados vivos. Instrumentos musicais: tambores, pandeiros, e às vezes instrumentos de corda. Coreografia: homens e mulheres formam um circulo. Uma moça entra na roda e dança, evoluindo em graciosos volteios, arregaçando a saia em movimentos rápidos. Depois de longas voltas, suspende a saia e fá-la descer sobre a cabeça de um dos homens. Com isto põe fim a dança, provocando hilaridade geral. Origem: Africana Data de registro: meados do século XX (~1950)

Mana-Chica
Mana-Chica não é apenas uma dança, mas um "tipo de dança" que faz parte sob o nome congênere de "fado", assim como: marreca, andorinha, feijão-miúdo, etc. É uma variante da quadrilha. Mana-Chica é mais dançada no Estado do Rio, principalmente em Campos. Instrumento musical: Orquestra regional Coreografia: os pares iniciam a dança girando em balancê, depois fazem o "chemin des dames" e, no fim, reúnem-se e dão várias voltas. Segue-se a grande "chaine". Os cavaleiros sapateiam frente a frente. Em seguida reúnem-se os pares novamente. Mana-Juana é uma variante de Mana-Chica.

Mana-Juana
 É uma dança idêntica à Mana-Chica, tendo como única diferença que os homens usam chapéu, descobrindo-se ao defrontar-se com a dama durante a dança. Data de registro: meados do século XX (~1950)

Moçambique
é dança de origem africana provavelmente de Moçambique, que lhe emprestou o nome. É mais freqüentemente dançado em São Paulo, Minas Gerais e Brasil central. Primitivamente, no Brasil, era dança de salão, levada a efeito nas Casas Grandes dos fazendeiros. Com o tempo transformou-se, deixando de ser um bailado puramente africano, para ser uma mistura de várias danças, confundindo-se, às vezes, com a congada, fandangos, etc. Estas festas são, geralmente, batizadas com nomes de santos. Atualmente, o Moçambique é dançado entre os caboclos. Tomam parte nele vários personagens: o capitão chefe e seu substituto, dois guias, dois tambores, quatro pajens que levam o chapéu de sol do Rei e da Rainha, dois capitães, espadas, coronel, alferes da Bandeira.
 Indumentária: calção estreito e fechado nos tornozelos, com guizos em volta das pernas e dos joelhos. Blusa com duas faixas cruzadas ao peito. Touca na cabeça. A calça, blusa e a touca são vermelhas. Os pés descalços.
Instrumentos musicais: viola, violão, cavaquinho, caixa, pandeiro e guizos nas pernas, além da marcação do ritmo pelo bater dos bastões levados pelos dançarinos. A “escada de São Benedito” é uma das modalidades mais interessantes do Moçambique.
Coreografia: os dançarinos colocam seus bastões em forma de X, formando losangos em esteira a uma distancia relativa ao número de componentes. Os dançarinos dançam ao longo da esteira sem tocar nos bastões, colocando os pés nos vãos dos cruzamentos dos paus. Aquele que tocar em algum dos bastões é obrigado a retirar-se, sendo substituído por outro. Os dançarinos pulam, agacham-se, sacodem-se em frêmitos. Cantam enquanto dançam. As músicas conservam-se mais ou menos fiéis ao dialeto. Data de registro: meados do século XX (~1950) Danças do Brasil / Felícitas. - Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Ltda., sem/data Moçambique Comunidade de Arturos Belo Horizonte - Minas Gerais
Intimamente ligado aos Congos, o Moçambique, segundo alguns, era dançado já na África Negra, e, para outros, nasceu em Vila Rica. Seus dançarinos são temidos e o folguedo é tido como atividade mágica. Cortejo que vagueia pelas ruas em determinadas festas, não possui entrecho dramático, sendo assim identificado aos Maracatus pernambucanos. Com exceção da Rainha e Porta-bandeiras, mulheres não dançam Moçambique.
O cortejo se organiza com os dois Porta-estandartes, na frente. Em seguida, vêm os Reis; atrás dele, os instrumentistas; e, no fim, os dançarinos, sempre de dois em dois. Quando param para dançar, os Porta-estandartes voltam-se para os dançarinos e os Reis também, colocando-se ou ao lado ou na frente dos estandartes. Os instrumentistas ficam aos lado das figuras principais.
A música do Moçambique se chama linha ou ponto e segue o esquema de solos, terças e coros, às vezes atingindo o falsete. Há uma introdução, na qual os moçambiqueiros entoam a melodia sem compromisso rítmico preciso, aproximando-se de um cantar declamado.
Outro dos movimentos característicos do Moçambique é quando o corpo faz uma curvatura que se inicia na cabeça, vai até os ombros e, a partir daí, toma todo o corpo, que se torna abaulado.
O pé direito carrega mais gungas – latinhas com chumbo por dentro, amarradas com correias de couro às pernas dos dançarinos – que o esquerdo, geralmente quatro, e o som é mais grave. É ele quem marca o tempo forte, que “chama”. Com três gungas, o pé esquerdo “responde” em repique que é uma variação de terceira ou tercina.
Há variações do “chamar” e “responder”. Exemplos: abertura arrastando pelos dedos e metatarsos, que se fecha “chamando” com todo o pé, com ênfase da força do calcanhar; entrada de um e outro, pelo calcanhar; “avanço” e “chamada” com todo o pé direito, enquanto o pé esquerdo, atrás, em ponta, marca o repique.
Não há uma ordem predeterminada das danças. Os dançarinos mais hábeis mudam a coreografia e os demais os seguem. Entre uma dança e outra há sempre a louvação aos santos, em solo e coro, num recitativo que é gemido e não cantado. Os textos são religiosos, vagamente tradicionais e podem estar relacionados à parte representativa das danças.
O que caracteriza o movimento da guarda do Moçambique da comunidade dos Arturos, em Minas Gerais, é o molejo dos joelhos e a intenção, presente em todo o corpo, de ir ao fundo da terra, uma metáfora ao mastro que se finca. Seu movimento mais marcante é o avanço e o pequeno recuo, cujas raízes estão numa lenda que conta que, num confronto entre duas guardas, um dos capitães deixou cair seu bastão numa moita, transformando-o em uma cobra. O capitão da guarda que iria passar pelo local, então, determinou que se tomasse muito cuidado. Daí os movimentos que parecem averiguar os perigos do caminho.
Há momentos em que uma alternância de movimentos das omoplatas provoca uma torção externa que penetra no corpo e se acentua pela força de tração das gungas. O bater das gungas, somado à pulsação, libera os braços, a partir dos ombros, ou os retém, a partir dos cotovelos, ao recolher e fechar das mãos. Danças Populares do Brasil -Projeto Cultural Rhodia - Publicação Rhodia S.A. - 1989 Fotos: Romulo Fialdini



SUL



 

Bambaquerê
É uma espécie de baile (fandango), de origem africana, ou seja, um conjunto de danças que se executa durante uma noite de folguedo. Temos como exemplo a “quadrilha”, composta de Tirana, Tatu, Cará, Balaio, Chimarrita, Serrana, Recortado, etc. O Bambaquerê, baile regional, é muito mais popular no Sul, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul. Coreografia: homens e mulheres dançam e cantam em circulo, no centro, enquanto um ou dois dançarinos executam vários passos e figuras.
Chula
Dança folclórica do Rio Grande do Sul, executada por homens e cuja coreografia, com muitas sapateadas, exige grande habilidade do dançarino. É acompanhada de palmas, violão, cavaquinho, pandeiros e castanholas.A chula tradicional era dançada da seguinte forma: Dois dançarinos ficavam frente a frente tendo entre si uma lança de quatro metros de comprimento. Cada um dos oponentes executava uma seqüência de difíceis passos coreográficos indo até a extremidade oposta da lança e retornando ao seu lugar de origem.
Chico
É uma dança de salão, que geralmente faz parte do repertório do fandango dos Estados do extremo Sul do país, principalmente do Estado do Paraná. O contato entre os pares, os volteios estreitos, tornam o Chico uma dança um tanto voluptuosa. Indumentária: típica, regional sulina. Instrumento musical: viola.
Coreografia: homens e mulheres colocam-se formando um círculo. A dama fica em frente do cavalheiro, de costas, com os braços cruzados e as palmas das mãos por cima dos ombros do seu par, voltadas para cima. O cavalheiro estende os braços, segura as mãos da dama. E assim, vão marchando em passo lento, em direção à direita. Entrementes, o violeiro anima a dança ao som do instrumento e canta. Quando todos param de cantar, os homens continuam rufando com os pés, fazendo tilintar as esporas, enquanto as damas dançam passo à direita e à esquerda, sempre de mãos dadas com o companheiro. A certo sinal do violeiro giram sem largar as mãos, e as damas ficam por trás dos cavalheiros, invertendo a posição inicial. Em seguida, o violeiro canta, dando o sinal para parar.  Alargam-se os passos e a dama dança com o cavalheiro de trás. Assim, vão sempre mudando de par.
Chimarrita
Originária dos Açores - Ilha da Madeira, a Chimarrita, também chamada "chamarrita" ou "limpabranco" é uma das danças mais famosas do fandango gaúcho e, também, a mais formosa.  Além do Rio Grande do Sul a Chimarrita também é dançada e cantada no Estado de São Paulo e no Estado do Paraná, ao som de "harmônica". Indumentária: traje à moda gaúcha. Instrumento musical: harmônica. Coreografia: a coreografia se apresenta sob três formas: o "Rufado" - simples dança, sem batidas dos pés no chão e das mãos; o "Valsada" - sem batidas dos pés e das mãos; o "Rufando" - onde os passos são valsados às batidas ritmadas das palmas e do sapateado. Os figurantes se dispõem em filas e depois seguem assim, até formarem uma roda, um atrás do outro. O passo é lento e atraente. É um baile cantado, onde há solo e coro. A chimarrita é uma espécie de antiga polca, ou rancheira moderna.
Cielito
Cielito é uma dança com canto e versos, muito popular no Estado do Rio Grande do Sul. É tipicamente gaúcha, dançada coletivamente. Indumentária: típica gaúcha Instrumento musical: Orquestra regional Coreografia: cielito é dançado em saltos e rodeios suaves, elegantes e espaçosos, com movimentos largos. Sua marcação apresenta pontos comuns com o samba, indicando a influência dessa dança.
Doação
Doadão é um baile rural. Faz parte do antigo fandango. Representa uma variante do "anu", de "o chico", de o "nhô-Chico" e de a "chimarrita". É mais apreciado no Estado do Rio Grande do Sul.  Também no Estado de São Paulo. Coreografia: Doadão é uma dança de salão. Os pares dançam alegres, em grande confusão. É uma dança festiva.
Fandango
As danças do Fandango foram trazidas pelos portugueses dos Açores e no Rio Grande do Sul apresentam  marcados traços de influência espanhola. Estão intimamente ligadas ao canto e seu principal intrumento é a viola. Tiveram grande voga nos fins do século XVIII e chegaram mesmo a animar as festas palacianas. Elas são muito numerosas e denominam "Marcas". As principais são: Chimarrita, Anu, Quero-Mana, Cana-Verde, etc. Sua área geográfica vai de São Paulo ao Rio Grande do Sul.
Notadamente o fandango é uma das danças regionais mais interessantes do nosso folclore, de grande efeito coreográfico. O fandango bem dançado é de requintada estética e elegância, bastando dizer que os pares se rodeiam esboçando uma provocação sutil, sem nunca se tocarem nem sequer com as mãos. Os cavaleiros sapateiam continuadamente, enquanto fazem as esporas tilintar ritmicamente, como instrumento musical complementar, movimentando o corpo, sinuosamente, serpenteando. Entrementes, as damas movimentam-se com meneios insinuantes e requebros graciosos, sem sapatear, acompanhando os gestos com castanholas. Indumentária: trajes gaúchos. Instrumentos musicais: viola, acordeão. Coreografia: os passos principais do fandango dividem-se em três categorias:
1) rufado ou batido; 2) bailado ou valsado; 3) rufado e valsado.
Os cavalheiros formam com suas damas uma grande roda; as formas se alteram, as damas ficam de frente ou, às vezes, ao lado do cavalheiro, ou rodando um com o outro. E a dança desenvolve-se em uma atmosfera de sentimento esfuziante de anseios, desejos incontidos que chegam a inebriar os figurantes.
O "tatuí", uma das modalidades do fandango, apresenta como característica principal ser dançado por 10 cavalheiros, sem o concurso de damas. Sua coreografia inicia-se com palmadas ou tocar de castanholas. Os passos desenvolvem-se da esquerda para a direita. Apresenta uma série de passos: viracorpo, pega-na-bota, quebra-chifre, pula-sela, mandadinho.
Coreografia dos diversos passos do fandango "tatuí", conforme Rossini Tavares de Lima, em seu livro "Melodia e Ritmo no Folclore de São Paulo", pág. 36: "No quebra-chifre, os dançadores recordam os bois, quando brigam um com o outro, entrelaçando os chifres. Essa figura consiste em bater o lado do pé direito no pé esquerdo do parceiro e vice-versa. Para executá-la, os fandangueiros sempre a sapatear, ficam frente a frente. A marca encerra-se com um sapateado vivo, no qual os dançadores fecham a roda. No pega-na-bota, os dançadores a sapatear, dão palmadas no cano dos botins. Isso se realiza em andamento bastante rápido. Tanto assim que, ao fecharem a roda, como na "marca" anterior, os dançadores demonstram intenso cansaço. 0 vira-corpo é uma das "marcas" mais sugestivas e difíceis. Batendo a ponta dos pés, planta e calcanhar, os dançadores, com os braços voltados para trás, vão-se deitando ao solo. E, a seguir, dão rápida virada de corpo e levantam-se. Depois que todos os fandangueiros realizam esse figurado, a “marca” é encerrada como as outras". No pula-sela, os dançadores ficam frente à frente e um deles se abaixa, apoiando as mãos nos joelhos. Depois vai-se aproximando de um dos companheiros, ao ritmo do sapateado. Quando ambos se juntam, o que está de pé bate as mãos às costas do outro e o pula. Essa figura e executada por todos os fandangueiros. Para finalizar, fecha-se a roda em sapateado vivo. A derradeira "marca" do fandango é o "mandadinho", que tem esse nome porque no seu transcurso o marcante vai dizendo o que os outros dançadores devem fazer. Na coreografia, descrevem o plantio, a colheita, o ensacamento e o armazenamento do feijão. Ao som da viola e do sapateado, diz o marcante: "Pran feijão", "Coie feijão", "Ensaca feijão", "leva feijão pro mercado". A esse mandadinho, que apresenta um conteúdo narrativo, com unidade de ação, dá-se o nome de continuado. Há também o "simples", no qual o marcante manda fazer coisas que não se relacionam. O final do mandadinho, como o das demais "marcas", apresenta a mesma figuração.
Em Itararé, segundo informação de Oswaldo de Andrade Filho, há duas violas, cujos tocadores ficam sentados ao lado. Também aparecem as mulheres, que permanecem girando dentro da roda. Todos têm chapéu na cabeça: "senão desequilibra", dizem eles. O canto não é a moda-de-viola mas quadrinhas soltas, improvisadas, num ritmo declamatório.
No litoral de São Paulo, o fandango compreende uma série de danças, que podem ou não apresentar o sapateado ou bate-pé, como por exemplo: DãoDão, DãoDãozinho, Graciana, Tiraninha, Tirana-Grande, Rica-Senhora, Recortado, Recortado Grande, Morro Seco, Pica-Pau, João Dum Maruca, S. João do Porto, Chimarrita, Querumana, etc. A mística é quase sempre em compasso binário e o acompanhamento é feito com viola e rabeca.
Das danças do fandango litorâneo, gravamos duas versões em Aldeia de Carapicuíba, na Capital: uma da Chimarrita, com o nome de Chamarrite, a outra de Querumana. O informante assim descreveu as duas danças, conforme tradição local.
"A chimarrita é uma dança de fila frente a frente, de um lado as mulheres e do outro, os homens, com o violeiro ao centro. Enquanto este toca, todos batem palmas. Depois o violeiro canta uma quadrinha e todos permanecem em silêncio. No momento, porém, que ele passa a entoar o estribilho, os participantes o acompanham e fazem o valseado, cavalheiro tirando dama ou vice-versa. Encerrado o estribilho, volta-se ao palmeado, nova quadra, etc."
"O querumana, assim nos foi descrito pelo informante da Aldeia de Carapicuíba: "Lá tem um homem, lá tem uma mulher; os homens batem o pé e passam; as mulheres vão virando". E o violeiro canta a quadrinha e todos o acompanham no estribilho."
Fandango, propriamente dito, é a palavra designativa de alguns dos autos das festas jesuínas, tais como "a marujada", a "nau catarineta", etc.
O fandango rural, por outro lado, é nome genérico de diversas danças de salão, principalmente no Sul do País, passando assim, a designar qualquer baile, função ou divertimento.
Gato
O gato é uma dança de origem indígena, mais usada no Sul do Pais. É uma história totêmica, na qual o gato representa o homem, e a perdiz - a mulher. Coreografia: o gato (homem) corteja galantemente a perdiz (mulher), insinuante, com demonstrações carinhosas, sapateando. A perdiz esquiva-se, suspeitando das intenções do conquistador. Origem: Indígena
Puxirum
Quem deseja preparar uma roça, ou derrubar uma mata no interior do País, segue as tradições indígenas em sua vida social: convida os amigos e vizinhos para o auxiliarem, e estes acorrem de bom grado ao local, dando uma demonstração de solidariedade humana. Esse acontecimento tem o nome de puxirum. O puxirum divide-se em cinco etapas e começa ao raiar do dia: 1º) roçado; 2º) derrubada; 3º) banquete; 4º) volta ao trabalho; 5º) dança puxirum. Trata-se de uma dança do gênero do fandango. Indumentária: Típica da região. Coreografia: A coreografia do puxirum é simples e destituída de qualquer complicação. É dançado ao pôr do sol. Reúnem-se todos num caramanchão, onde se servem comidas e bebidas.  Dançam sapateando durante todo o baile. Origem: Indígena
Quero-Mana
Na região do Rio Grande do Sul e do Paraná, o quero-mana incorpora geralmente o fandango. Quero-mana é sinônimo de desafio. É dançado coletivamente por homens e mulheres. Indumentária: típica da região. Intrumento musical: viola. Coreografia: As damas tomam suas posições. Os cavalheiros colocam-se em coluna e vão marchando até cerrar um círculo em volta do salão. As damas, dentro do circulo, colocam-se de forma a ficar sempre uma dama entre dois cavalheiros. Cada cavalheiro fita uma dama; bate os pés, enquanto a dama dá passos de valsa em torno do seu par. Quando o homem pára de bater com os pés, bate palmas seguindo o compasso da música. A um sinal do violeiro param. Então, o violeiro canta, e os cavalheiros pegam com a mão direita a mão direita das respectivas damas e com a esquerda a da dama que estiver na sua frente. Depois das mulheres trocarem de parceiros, soltam as mãos. O final da dança não é repentino, como acontece em outros fandangos; as batidas vão continuando, com repetições, e a cadência aumenta cada vez mais até terminar.
Tatu  O Tatu é um fandango cantado, de origem gaúcha. Conta a história de um tatu tímido e desdentado perseguido pelos cães, na revolução dos Farrapos, levando ofícios para o general David Canabarro. Assim o tatu aparece como figura principal na narrativa, a exemplo do jaboti que aparece sempre como herói na roda dos bichos. É o herói grotesco, incorpora-se ao patrimônio folclórico, nesta encantadora narrativa popular, decantada por vários autores. É mais dançada no Rio Grande do Sul. Indumentária: típica gaúcha
Coreografia: o tatu é de coreografia singela. É dançado por homens e mulheres, aos pares. É uma dança sapateada. Os homens dançam com as esporas que servem para marcar o ritmo e o compasso, como instrumento complementar. As mulheres dançam ligeira e agilmente, em harmonia, com os passos elegantes e imponentes dos cavalheiros.
Tirana
Tirana é uma dança que tem semelhança com o fandango, justificando assim a sua origem espanhola. Adaptada ao gosto brasileiro, irradiou-se aqui por todas as regiões, sendo apreciada desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul. Apresenta várias modalidades, figurando como típica a do sapateado. Compõe-se, assim, de sapateado e canto solista. Indumentária: típica da região. Instrumentos musicais: viola, violão ou acordeão. Coreografia: Tirana é uma bonita dança de ritmo compassado, sereno. As damas fazem roda por dentro, e os cavalheiros por fora de um círculo, colocando-se os pares frente a frente. Os homens rufam os pés molemente, enquanto as damas balanceiam-se ao som da música em compasso de 3/8 em ritmo moderado. A dança é passiva e gostosa, meio lasciva. As duas rodas se deslocam vagarosamente no sentido dos ponteiros do relógio.
Passos:
1) ombro a ombro a roda se desloca, o cavalheiro roça o seu ombro no da dama do outro par e vice-versa;
2) Tirana grande, dança sapateada em uma grande roda;
3) Tirana dois, dançada em grupos de dois pares;
4) Tirana tremida, assim chamada pelo tremido, trinado da viola.
Tirana: Canto e dança originários de Espanha e que recebemos por intermédio de Portugal, onde a tirana ainda é baile de rapazes e raparigas, bem animado e cheio de movimento.
Possivelmente, a tirana, que veio para o Rio Grande do Sul, teve caminho através de Buenos Aires, mas esta a teria recebido do Peru, Bolívia ou do Chile, roteiro de suas danças.
DANÇA PAU-DE-FITAS
 A Dança Pau de Fitas é uma tradição milenar, originária do meio rural que aparece em alguns países latino-americanos como: a Espanha, Inglaterra e outras regiões da Europa. Este tipo de dança também já existia na América, muito antes de seu descobrimento e os maias ainda incluem em seus costumes. Aparece ainda, entre os mineiros de Nuanda, no Peru, no século XVIII. Em São Benedito de Los Andes, na Venezuela, foi registrada dança semelhante aos pau-de-fita dançados aqui no Brasil.         
 Em tribos pagãs essa coreografia tinha o significado de dança da fertilidade. Era executada em torno de um totem na forma de membro viril, em que as mulheres estéreis realizavam um culto, fazendo evoluções e invocando a proteção dos deuses para por fim à esterilidade.
Em muitas partes da Europa, na primavera ou no princípio do verão, ou mesmo no dia do solstício de verão, era e ainda é costume ir passear pelos bosques, cortar uma árvore e leva-la para a aldeia, onde era erguida em meio à alegria geral. A intenção deste costume era levar para cada uma das casas da aldeia, as bênçãos que o espírito da árvore tem o poder de conceder. Até hoje, mastros de maio, adornados de flores e fitas, são levantados são levantados no primeiro dia do mês de maio, tendo como objetivo, atrair o frutificante espírito da da vegetação, recém-desperto pela primavera.
No Brasil, esta dança, é encontrada em vários estados, fazendo parte do repertório de grupos folclóricos de várias etnias. Existe ainda em várias comemorações, como nas Festas do Rosário em Minas Gerais, onde os caboclinhos desenvolvem a coreografia, no bumba-meu-boi nordestino, com o nome de folguedo-da-trança, e nas festas do Divino, no Estado de São Paulo, com o nome de dança das fitas.
Nos países de origem portuguesa, ela geralmente está associada à Dança dos arcos e flores e à Jardineira. A apresentação desta dança é uma das mais bonitas do folclore catarinense. Para o seu desenvolvimento é necessário um mastro com cerca de três metros de comprimento, encimado por um conjunto de largas fitas milticoloridas. Os dançadores, sempre em número par, seguram na extremidade de cada fita e, ao som de músicas características, giram em torno do mastro, revezando os pares de modo a compor trançados no próprio mastro, com variados e coloridos desenhos.
Em Santa Catarina há o”Tramadinho”, “Zigue-Zague”, “Zigue-Zague” a dois, “Trenzinho”, “Feiticeira” e “Rede de Pescador”. Segundo Doralécio Soares, existem traçamentos em que são homenageadas pessoas ou entidades, cujo nome vai aparecendo no ato do trancamento.
No Amazonas é conhecida com o nome de “Tipiti” e apresenta grande variedade de tessituras, com denominações diversas: “Caracol”, “Tipiti de um”, “Tipiti de dois”, “Tipiti de três, “Tipiti de quatro”, “Trança”, “Rede”, “Crochê” e “Floreado”.
 No Rio Grande do Sul, popularizou-se como dança de pares ensaiados, elaborada por grupos específicos que desenvolvem coreografias para apresentá-la em festas especiais. Chefiados por dois participantes denominados Mestre Leão e Senhora Dona Mestre, o grupo realiza evoluções em torno de um mastro de mais ou menos 3 metros de altura e 4 cm de diâmetro, de onde pendem fitas de mais ou menos 4 metros de comprimento, com 1 ou 2 cm de largura. O objetivo da coreografia é realizar, por meio de movimentação das fitas seguras pelas mãos dos dançarinos, figuras no mastro. Estes trancamentos ou figuras tomam o nome de: “Trama”, “Trança” ou “Rede de Pescador”. O número de casais dançantes tem sempre de ser par, para que os desenhos no mastro possam ser realizados. Os passos utilizados para realizar os movimentos durante a dança são normalmente os de rancheira, valseados que têm marcação forte no primeiro compasso.
Segundo Barbosa Lessa e Piaxão Côrtes, os homens, para "trançarem", por "tramarem", avançam sempre por dentro da roda e por baixo das fitas de suas companheiras no sentido dos ponteiros do relógio. Para desfazer as figuras, realizam o movimento contrário. A indumentária segue os trajes típicos das danças gaúchas.
Em todos estes locais mencionados, essa dança não apresenta música específica. São freqüentes conjuntos musicais compostos por violão, cavaquinho, pandeiro e acordeão. As apresentações se processam geralmente no período junino e em festas de padroeiros.